...::Coisas que eu sei::...
Enfim se libertara...
Depois de tanto tempo, depois de tamanha prisão, enfim sentia-se livre. Respirava.
Após dias e dias de paixão mal resolvida disfarçada de amizade irremediada, estava por si, e estava contente por isso.
Havia deixado para trás o mais de um ano de brigas, carinhos, depressões, desacertos e imprevisões. O futebol com os amigos, as idas a shows com as amigas, as soluções de erros de última hora.
Não que tivesse caído em nova prisão ou coisa similar, apenas via com mais clareza que tudo além era possível, que nada daquela afetação lhe afetava mais, que saberia andar com seus próprios passos sem ter que levar junto mais ninguém.
Era então livre...
Restava algo pleno, do qual não se desfazia - e prezava até, mas sem pensar em algum dia algo mais, sem estar na mão de ninguém sempre que quisessem, sem falsos ciúmes, nem parcos carinhos. Estava por si, só... E gostou muito dessa novidade. Uma nova possibilidade se abria, e na verdade, um novo leque de vida que se revelava, caminhos estranhos, e alguns levemente conhecidos, mas que de qualquer forma eram mais seguros que aquela angústia de estar sempre perto de quem não se deveria. Não que escondesse, apenas não entendia o que (achava) que tinha de volta.
E estava feliz. Não pelo que aconteceu. Nem pelo que poderia vir a acontecer. Mas pela absoluta certeza de que o presente se tornara passado de uma forma delicada como lábios em um beijo suave de despedida, como quem diz "Até amanhã" no portão ao ir embora, com um sorriso, como quem dorme mais cedo pra pensar até adormecer...
Havia sido simples assim...
Sentia-se bem. Não havia por que explicar e ponto final.
Apenas sentia-SE.
Lua Aaliyah
..::Conversa de bocas batidas::..
A: Vontade de me apaixonar...
E: ...
A: Me rasgar em declarações... Dizer com todas as letras que gosto, ficar perto, chegar junto; dar plantão quando fica doente, ligar pra saber como está, mandar mensagens românticas no celular e letras de música na caixa de mensagens...
E: ...
A: Vontade de dizer a todos o que sinto, de mostrar pra todo mundo que gosto e que gostam de mim, um querer indefinível de ficar calada só sentindo o cheirinho da respiração, as pequenas manias, cuidando dos pequenos defeitos pelos quais me envolvi...
E: ...
A: Levar café na cama, fazer carinho, contar piada, ler junto, jogar vieo game e brigar por que perdi, só pra fazer as pazes depois, assistir filme em dia de chuva comendo pipoca embaixo do edredom...
E: ...
A: Fazer de tudo juntos entre quatro paredes, satisfazer desejos, vontades e anseios, ser coisa e dono, carinhosamente ou não, dar prazer, receber prazer, fazer, morder, arranhar, ter...
E: ...
A: Desejo insaciável de mostrar o quanto gosta, de agradar, de encher de mimos e mostrar que sim, ainda existem casais que se dão bem neste mundo... Vontade de deixar transbordar o sentimento e que se dane o mundo, bom mesmo é parecer idiota perante tudo isto!
E: E o que te impede?
A: ...
..::Live and let...::...
Viver não dói.
Um coração que bate. O pulmão que se infla, se enche de ar. A boca que saliva o desejo, sangue (es)correndo nas veias, órgãos, massas, pele, pêlos... Sujeira em meio à aparente higiênica beleza... Uma dependência interdisciplinar. Uma massa disforme que uniformiza toda a máquina.
Viver, nem dói.
Acordar. Abrir. Esticar. Levantar. Trocar. Tomar. Arrumar. Escovar. Sair. Correr. Uma marcha mecânica que nem percebemos fazer todas as manhãs, quase que religiosamente. Sacramental.
Viver... Não dói.
São só sonhos, anseios, vontades. Frustrações, amores, brigas, entendimentos. Faz as pazes, abandona, esquece, conquista. Compra, mata, perde, reabilita. Acha, intriga, come, sacia. Apenas quer, ordena, somente traz, dilemas. Busca a liberdade de estar para sempre preso, procura em si o que não encontra nos outros, caça nos outros tudo o que falta em ti.
Viver não dói.
O que dói é a consciência do estar vivo.
Lua Aaliyah
...::Almoço em Família::...
Se fecha no quarto pra esconder a tristeza
Talheres, risadas, mentiras sem fim
Não é muito o que peço, sossego e descanso
Fique apresentável, sorria e venha pra cá
Falsidade no ar, um cheiro de queimado
"Quando é que você vai arrumar um namorado?"
Não existe
É loucura esse mundo à parte
O parto, as fotos, são vídeos covardes
As roupas, o verbo, as poses, e aí?
São meros disfarces, cobranças ruins
Avisa quando estiver com fome
Vai lá e compre, mostre o que tem
Competindo, provando tudo a ninguém
Se volta, pondo o blues pra rolar
Se cobram ou jogam na mesa as respostas do mundo
Se aumenta o volume e dá um soco no muro
Cuidado com a criança dormindo no quarto ao lado...
Se fecha no quarto e chora sem fazer barulho...
Lua Aaliyah
...::Sexo, Mentiras e VideoTape::...
- E por quê tantos vídeos?
- É minha forma de passar o tempo...
- Que tal assistirmos algum?
- Hum... Não...
- Por quê? O quê tem neles? Rsrsrs.. São pornográficos?
- Apenas entrevistas... Mas prometi a cada uma das entrevistadas que ninguém veria as gravações além de mim...
- Entrevistas com mulheres? Wow... Sobre o quê?
- Sobre sexo...
- ...
***
- Ela sempre foi puritana demais para admitir qualquer coisa.
- Mas ela ficou bem curiosa...
- Isso não quer dizer nada. Entrevistas? Aposto que ela ficou calada quando soube... Mas, por quê entrevistas sobre sexo? É assim que você conquista suas mulheres?
- Não... Mas... Melhor, por quê você não grava uma?
- Você vai me perguntar coisas? Vai me questionar?
- Não... Ligo a câmera. Você fala... Gostos, experiências... A câmera é apenas um espelho. Há mulheres que tem fitas de apenas alguns minutos. Outras, horas. Você é livre...
- Quero.
- ...
- Você vai ficar calado enquanto arruma tudo?
- ...
- O que faço agora?
- Sente-se no sofá como achar melhor. Fique confortável. Se quiser, pode tirar os sapatos. Diga seu nome, e depois, fique à vontade... 1...2...3... Pronto...
- Bem... Meu nome é Ana. E é muito estranho estar aqui para falar de sexo. Para um ilustre mal conhecido vizinho de minha irmã puritana. Eu não. Sou diferente dela...
- Diferente?
- Ela não assume do que gosta. Aliás, nem sei se gosta. Não fala, nem sei se faz. Eu não. Eu gosto. Um homem é para mim algo sempre novo. Sempre algo a mostrar, a me proporcionar. Gosto de seduzi-los. De senti-los em mim. Não sei bem explicar por que eles me deixam tão... Faz calor não é?
- Não sinto...
- Eu sinto... E gosto de sentir... De seduzir.. Estou me repetindo... Mas, é mais intenso e forte do que eu... Mãos que passam dessa forma no meu corpo... Um transe de pele, cheiros, líquidos e palavras. Algo que parte daqui, da boca, e vai percorrendo tudo... Descendo... Com as mãos... Tomando conta do corpo, da mente, até que desce mais e chega na...
***
- Você gravou um vídeo com ele?!?
- Ah mana... Não foi assim tão... ruim! Pelo contrário...
- Ele é um pervertido!... Mas ele.. Ele tocou você?!?
- Não...
- Você tocou ele???
- Hmmm... Também não...
- Por favor, alguém tocou alguém???
- Hmmm... Bem... De certa forma... Sim...
- Oh.. você não fez...
- Fiz! E foi mui..
- Eu não quero saber!
***
- Apenas uma entrevista...
- Ela é uma ninfomaníaca... Você um pervertido. Se merecem!
- Você me acha pervertido? Não tenho nada com ela. O que você pensa de mim?
- Eu acho... Você na verdade... Eu queria dizer que... Espere! Essa é a câmera? Esse é o vídeo?
- Sim...
- Quanto.. Quanto tempo ela ficou aqui?
- Uma hora e meia falando...
- Nossa... Isso tudo? E acho que ela sequer falou a metade... Não seria capaz de permanecer por 10 minutos!
- Eu não sei.
- O que você...?
- ...
- ?
- Apenas... Respire...
- Meu nome é...
...::Projeção::...
"Too many guys think I'm a concept, or I complete them, or I'm gonna make them alive. But I'm just a fucked-up girl who's lookin' for my own peace of mind; don't assign me yours... I´m not perfect!"
- A verdade é... É que eu esperava outra coisa de você, sabe. Mas tudo bem... Ainda é tudo meio estranho, não sei bem como agir. Perdão por me afastar, mas agora acho que preciso disso. Não esperava que fosse ser assim... Mas eu estava me magoando...
Apenas disse tais palavras, levantou-se da areia e foi-se embora.
E mais uma vez acontecia, e outra amizade partia, modificava ou simplesmente se esvaía.
Ela nunca quis nada disso... Nunca quis magoar, ferir ou sequer despertar algum sentimento. Mas parecia incrível, antes de perguntarem dos sonhos, dos planos; antes de conhecerem o real jeito insone de ser que tinha, projetavam na aparente liberdade de agir a salvação das prisões mentais deles. E quando ela tomava a atitude que não mais condizia com tudo o que esperavam, decepcionavam-se e a tinham por estranha. Iam embora. Não era a primeira vez.
Talvez demorasse alguns dias até que ela digerisse tudo. Provavelmente acabaria escrevendo mais um livro, e usaria isto como tema em um de seus capítulos.
Parecia bobagem, mas era importante pra ela. Podia não ter a importância de alguém especial, mas tinha. E agora; e se ela tivesse alguém especial? Como contar? Magoaria? Era difícil perder mais uma pessoa...
- Mas moça, você sumiu. Estava acostumado a te ter perto todo dia, conversando. Sempre rindo, parecia a única a me entender. Não nego que sinto falta, ha tempos não conversamos horas e horas... Não, não tenho mais ninguém. Só conversava com você. Achava que você podia me ajudar. FAzer com que eu ficasse melhor. Desculpe ter ficado tão dependente, mas eu achava que a gente... Deixa pra lá.
E tentava desviar o assunto, ou ria... Mas era notório que estava desconfortável. Ela mais ainda. Aflita. Ela não era a salvação nem dela mesma. E quem perguntaria a ela o que ela sente? O que ela quer? Diria a quem, para não parecer provocação?
- Eu nem te chamei pra sair. Você se quiser que me chame. Mas.. Não demore. Estou ficando ansioso. Talvez você não queira gastar seu tempo livre comigo...
Não havia andiantado fugir, ficar, ser educada, gritar, maltratar, ignorar nem simplesmente deixar pra lá. Dizer com todas as letras, e nem silenciar. E se cobravam, o que ela faria? Não entendia, pois não era tão singular assim...
- E como você não foi, ele também não foi. E o vi com cara de choro, estava até meio chato naquele dia. Poxa... Vocês se dão tão bem. Essa amizade... Por que não?... Até meio grudento... Enfim... Vai lá e explica de novo que a verdade não é bem essa aos amigos dele, pois todo mundo acha que vocês dois estão mesmo!
E ela explicava. Ela sabia o que achavam, mas quem se importa? Mas explicava o que era fato e o que era desejo dos outros.
E ela queria ficar sozinha, quieta, em casa, no quarto. Escrevia frases sem sentido em seu caderno. Mais perdas de coisas pequenas... Muito trabalho, muita cobrança, pouco ar. Sufocava.
- Fica bem, minha moça...
Mas às vezes ela recebia novo ar pra respirar...
"Muitos caras acham que sou um conceito, ou que eu os completo, ou que eu vou fazê-los (sobre)viver. Mas eu sou só uma garota ferrada procurando paz de espírito, não me faça a sua. Não sou perfeita!"
...::E assim ela sonhou::...
Quero-te longe, mesmo perto, mesmo ausente, sempre pensante.
Não me escolha pelos vícios, nem me ateste pelas virtudes. Apenas sinta o que tenho a lhe passar.
Não ligue para o que digam, nem surpreenda-se com as provocações. Aceite o fato, receite a fórmula, prescreva o antídoto.
Ou não; deixe tudo leve, deixa passar junto com as folhas desse fim de inverno, apenas não deixe ficar em branco.
Não te faças de desentendido, nem fujas atrás de um falso você. "Você tem todas as armas para me ter, e talvez até já saiba que eu vejo você". Isso não é de agora. Eu sei. Você me lê.
Quero tuas mãos a caminhar pelo meu corpo, em pensamento e forma, conteúdo fixo em retinas e mente.
A forte física presença por diversas vezes relevada. Quero-te ao tudo, quero-te por nada.
Não ao meu lado, mas perto de mim. Também me queira, me receba, me encaixe.
Sejas meu na beleza da palavra ser, longe das amarras do possessivo, mas próximo do carinho da pertinência, de pertencer, de querer ser meu.
Se sabes disso? Sabes... Se não, presumes... Se não, deixa para lá...
Apenas mais um desabafo numa noite quente de lua, recostada em minha cama, pensando longe, olhando pelo vidro da janela as estrelas... Pensando...Imaginando...Dormindo...
...::Perfeição::...
Abriu a porta de casa.
Acendeu somente a luz da sala. Foi ao quarto, pegar outra roupa, uma limpa, tomar um bom e delicado banho, arrumar-se.
Era bonita. Não de uma beleza extrema, dessas modelos de revista; pelo contrário, possuía uma beleza verdadeira das mulheres reais, com curvas e formas.
A água escorria-lhe pelo corpo. Ela estava ansiosa. Pensamentos mil na mente.
Também era inteligente. Conhecia sobre arte. Diria até que tinha bom gosto. Sabia conversar. Portava-se bem nos lugares. Uma dama.
Vestiu-se... Roupa leve, pois fazia calor. Ligou o som... B.B. King fazia amor com sua guitarra. Foi preparar o jantar. Esquentou a água, fatiou a cebola, temperou o molho... Macarrão carbonara... Uma especialidade que gostava de fazer em dias como aquele. O telefone toca, ela distraídamente fica a aconversar enquanto alimenta os peixes no aquário da sala. Sorri. Estava leve. Tinha tido uma semana difícil, mas enfim acabara.
Abriu o vinho. Tomou uma taça enquanto esperava o molho apurar. Confere o celular, vê o que falta na geladeira. No dia seguinte iria ao mercado providenciar o que faltava. Põe a mesa. Estava tudo pronto.
...
Estava tarde já.
Ela nem havia notado o tempo passar! Se não fosse o cansaço - bom de sentir, mas sempre cansaço - talvez ela nem se apercebesse do passar das horas.
Cuidou de si, creme no corpo, roupa de dormir. Era bem vaidosa, não ao ponto egoísta da palavra, mas gostava de estar bem, perfumada, feliz consigo mesma.
Deitou-se na cama. Ficou à espera. Sentiu-se. Sabia de seu valor. Gostava de ter alguém do lado, sentir o calor. Mas ainda assim, não conseguia. De que servia tanta pefeição se à noite ela se amava sozinha?
...::Mais além do que se lê::..
Fazia tempo que não se viam. Sentia falta? Ela não sabia, mas pensava. Havia pensado em perguntar, pensado em sumir, esconder ou simplesmente dizer. Achou por bem esperar... Não sabia o que falar mesmo...
Então eles iam juntos, animados, próximos. Mas naquela noite nunca foram tão distantes... A pele, o contato, a conversa distraida sob as estrelas, o olhar em volta... Tão longe... Nem pareca que fazia tanto tempo que eram assim. E não era a primeira vez...
Acabaram por se rever. E conversaram como se a semana não tivesse passado. E se entendiam, e ela não sabia, e mais se confundia. Agora não sabia mais o que pensar de vez. Acho que queria ficar sozinha um tempo...
Ela achou que talvez desse certo. Tentou e se empenhou, mas esforço de um numa relação de dois não é suficiente. Não precisa ser gênio para saber...
E ela achava que tudo daria certo, apesar da utópica distância.
Não...Os dois não eram não... E ela não ficou bem... Se sofrimento amadurece, talvez preferisse morrer verde...
Sorria... Escondia... Virava o rosto para não notar...
E então estava dividida. Ir ou ficar, mudar ou permanecer. Falar ou emudecer... Melhor era sentar e esperar para ver o que acontecia...
Lua Aaliyah
..::Além dos que se lê::...
Não, não era só seu corpo que ela queria...
Era mais pelo sutil levantar de sobrancelhas quando intrigado, pelo sorriso bobo que o rosto sério produzia quando ela fazia alguma bobagem ou pelo beijo intenso e quente...
Ali estava, no quarto, ali pensava. Havia mais casa, mas não havia mais motivo. Pensava no longe, sentia o perto, recostada na parede, revivia.
Não tinha inspiração, mas ainda assim sentia. E concretizava.
Era também pelo palavras dele. Sim, de fato, a forma de falar era intensa, doce, marcante, nova... Era também por tudo o que lhe oferecia, mesmo sem lhe entregar nada. Era tão presente que ela não entendia muito bem...Sim, era por isto também...
Da cama para a janela ver a Lua cheia. Da janela de volta à cama para imaginar. Fazia calor, e ainda assim ela não conseguia respirar. Mil coisas circundavam sua mente, onde estava, como seria, quando veria... Tudo.
Não sabia o que imaginar, mas ainda assim tinha na mente a imagem. E desenhava.
Ah, era pelo jeito dele também. Sorriso discreto, olhar desnudo, mãos precisas... Era por tudo o que ele entendia, ele ensinava, ele vivia...
Ah, tinha muita coisa que queria saber, e perguntava! Então calada ouvia, era por mais esta então...
Vencida pelos pensamentos, adormeceu. Não, não sonhou com ele, como seria de se esperar. Mas dormiu. Nada restava a fazer. Não, não era só pela presença não. Talvez fosse um pouco pela falta. Talvez fosse por tudo, ou então nem fosse por nada. Adormeceu, na espera que de adormecesse naquela situação também...
Lua Aaliyah
...getting tired...
"I´m getting old and i need something to rely on..."
Cansei...
Cansei de tantas explicações, indefinições e desacertos
Cansei de tanta dúvida, se duvidas ou se me dás crédito
e acreditas
Cansei da insegurança, desconfiança, olhar vigilante alheio
sobre minha (nossa) vida
Cansei de não saber agir
Não saber falar
Não saber o quê calar
E nem o quê mostrar (ou esconder)
Intrigas, picuinhas, palavrões e mentirinhas,
Cansei
De acordar sem saber, dormir sem pensar
Todo mudo, e o munda muda e ninguém cuida de quem de tudo cuida.
Preciso respirar um certo ar
Mas a vida insiste em mostrar
Que inspirar e expirar nunca é suficiente
Cansei...
Por quê não eu, por quê assim, por quê brigar,
É tarde, eu já perdi
Hora de levantar e voltar à realidade
que sempre vivia
Por que agora nada mais é que um retorno
à tudo aquilo que sempre perseguia...
"I´m getting tired and i need somewhere to begin..."
Lua
(É...talvez entre em novo recesso disto tudo aqui... Créditos musicais à KEANE - SOMEWHERE ONLY WE KNOW)
...::O Problema É: Não Há Problema::..
Queria saber porque aqueles homens eram tão nervosos e ralhavam tanto se fazia algo de errado..Ainda que fosse bobagem...
Queria saber porque lhe cobravam tanto, tempo, presença, soluções... Pediam.
Queria saber porque ainda tinha tanto medo do Freddy Krueger e tudo que estivesse ligado à ele...
Queria saber se ia conseguir aquilo que não achava se esforçar, mas que sabia que se se esforçava e queria muito, muito, muito conseguir...
Queria muito ter uma barraca de camping...
Queria entender porque conhecera todas aquelas pessoas que sim, mudaram - e muito - a vida dela... Influenciam e fazem diferença..
Queria saber se era tão importante quanto era importante para ela...
Queria saber se podia chegar perto e levar alento...
Queria ir para sua cama, que fica iluminada pela lua, e tocar violão a madrugada toda, pensando...
Queria... Queria... Queria saber se sentia sua falta num dia assim...
E mais uma semana começa.. Eu poderia vir com a música e escrever o "Vamos começar colocando um ponto final..." e tudo o que todos já conhecem.. Ou então poderia escrever um texto, terceira pessoa, e deixar todo mundo na dúvida se eu falava de mim, sobre mim, ou se era só um personagem mesmo.. Mas quer saber, agora vai ser diferente. Sou eu sim... E a semana é minha também!
Mais uma semana, um dia a mais que passa, um dia a menos que falta. Para quê, bem, não sei... Para que eu quero que seja? Ah, não é difícil: ir embora, por exemplo...
Quero ir pra Sampa, pra conhecer umas pessoas mais de perto, botar algumas coisas em pratos limpos (aliás, uma coisa só, que vale por muitas, e tem me deixado bem puta da vida (é, eu falo palavrão sim, incomoda?) e que quero resolver bem), quem sabe até me surpreender com alguém certo lá (e surpreender também)... E rodar um certo filme também seria interessantíssimo...
Quero ir pra Floripa, estudar, cuidar da minha vida, crescer como gente, ajudar um bom amigo...
Quero ir pro inferno que seja, mas quero sair daqui.
Mais uma semana, onde espero não ser posta na parede, onde espero não ser cobrada por ter sumido, onde não quero ninguém dependendo de mim pra nada, onde não quero ter que explicar pela milésima vez porque ando tão sem tempo pra nada, pois faço mil coisas em um dias de simples 24 horas...
Segunda feira de novo, onde espero que meu chefe não me chame de louca, minha sobrinha saia viva do hospital, minha mãe não tenha uma crise de pressão alta; e bem, uma semana a menos pro semestre acabar e enfim eu poder respirar pelos professores não terem entrado em greve como a ameaça diária deles dizia... Agora falta só mais um pra eu me formar.
Outra semana... E o tempo passa... Ano acabando, ano começando... Dia a mais ou a menos, tanto faz... Não tenho porquê escrever, pelo mesmo motivo você não tem porquê ler... Mas se isto causar numa pessoa a mesma atitude de dois posts atrás, já vai ter valido a pena. Se não, terá valido também... Afinal, escrevi e ponto. Não vou filosofar aqui acerca do ato de escrever.
Quero ganhar mais dinheiro, terminar a faculdade que odeio, quem sabe entender uma pessoa especial, ou nada disso... Acho que terminar viva é o bastante (a quem quero enganar? Não é o bastante coisa nenhuma!).Quero ler todos meus quadrinhos e tocar todas as minhas músicas. Ver alguns filmes, sim. Em todos os sentidos ;)
E bem... Sei lá... Sensação de sei-lá-o-quê de novo... Agora foi... Quer saber o que eu quero de verdade? Saber...
(...e sentar numa mesa de bar pra tomar uma breja...Acho que uma hora isto começa a me parecer interessante....=P)
Lu
..::Por que são assim?::..
E então lá ia ela, sabe... Correndo para ir em casa, hora de almoço, aquela pressa gordurosa dos restaurantes de esquina. Preferia dar a volta no quarteirão para não passar perto deles. Lá ia ela, pensando...
Começou a rir-se sozinha! Agora ela tinha dessas, todos já haviam reparado que a cabeça desligada dela andava mais distante do que nunca, mas ninguém tinha certeza se o que a fazia corar era alguém despertar seu sorriso, ou o que a fazia sorrir daquele jeito, distraidamente contemplativo...
Havia sempre algo pronto a dizer, queria sempre ter na verdade. Parecia tudo tão obviamente coincidente, como um discurso planejado de campanhas passadas. Mas era muito tudo confuso!!! Quanto maior a aparente certeza,mais trazia em si a dúvida.. O que queria dizer tudo aquilo? Ah...Se ela não sabe, por que eu saberia? Mas assim como ela, eu bem queria saber também de coisas diretas... Custava dizer logo? Sim, afinal, duvidsa por dúvida, melhor não arriscar... Até lá restava fingir ter paciência...
Parou por um momento.
Respira fundo, segue em frente. A música tinha tocado... Por isso... Daí ela lembrou...
Agora é tudo lembranças, tudo esperanças, tudo ainda mais confuso. Ela quer entender, eu, ah, quero viver e contar o que aconteceu a ela. Olha ali, chegou em casa...Ainda com cara de boba... Nem reparou que o vizinho olhou com cara espantada sem entender o porquê do sorriso...
Deixa... Deixa quieto... Já me disseram uma vez que é melhor cair das nuvens do que do terceiro andar... Um dia, quem sabe, eu vou lá e falo...
...::Admiração::...
Meus olhos, famintos, não se cansam de te acariciar. Procuram sempre um novo ângulo
pra te admirar, e sonham mergulhar na sua boca de vulcão, provar todo o calor que há na sua erupção... Escorregar nos rios claros das margens dos teus pêlos e encontrar o ouro escondido que brilha em seus cabelos. Devorar a fruta que te emprestou o cheiro
e talvez desfrutar de um amor puro e verdadeiro..
Esquecer o espaço, o tempo e o viver,perder a noção do que é ter a noção do perder...
Moska
Mas, o que é estar apaixonada?
Lá ia ela, horário de almoço, terninho, maquiagem, salto alto, fones de ouvido. Não era assim tão distante de casa, mas era distante dele. Uma música que toca, um sorriso que brota, os outros olham a moça que passa e ri sozinha na rua com a lembranca que só ela ouve na música que só ela sente...
Mas, o que é estar apaixonada?
Lá ia ela, correndo, tardinha, aula, sol que se põe... Era distante de Tudo o que estava em seu pensamento. Até no estresse do trânsito pensava. E nas buzinas vinha sempre uma canção de antes, um novo sorriso entre as caras feias dos carros ao lado, e uma sensação aconchegante em seu peito...
Mas, o que é estar apaixonada?!?
Noite em casa, no quarto, em meio a tantos livros, nada lia. Frases, verbos, preposições, propostas e conversas e sorrisos e lembranças e horas intermináveis de palavras e palavras... Mas ela nada lia... Tudo estava em sua mente, fotos, fatos, filmes, tudo. E um suspirar brotou-lhe no seio...
Mas o que é estar apaixonada...
Um sonho, madrugada, entre travesseiros, um aperto. Agora perto, próximo, presente... Em outro canto, mas ali ao lado, e mesmo sem saber, ela sorria, timidamente sorria, mas não Havia ninguém para perguntar-se o porquê daquele sorriso...
(..Mas ainda assim ela sorria...Mesmo que ela não soubesse...Um dia ele veria...)
Lua Aaliyah
"Tornar o amor real é expulsá-lo de você
Para que ele possa ser de alguém"
Quando nós nos encontramos, não fale nada...
Deixe apenas que teu olhar se fixe nos meus e transcenda meu terninho e as tuas camisetas, pois a imagem que se vê de longe em nada se assemelha ao que se percebe quando nos vemos refletidos nos olhos de alguém.
Quando nós nos encontrarmos, não fale nada...
Deixe apenas que, dos olhos, tua boca procure a minha, calada, silenciosa, sem palavra, pois palavras quebrariam o encanto do tão esperado beijo, descrito e revisto pelas linhas imaginárias das conversas por vezes raras, porém infindas...
Quando nos encontramos, não fale nada!
Deixe apenas seu corpo respirar no longo beijo, seu braço enlaçar no longo ensejo de ali estarmos enfim um perto do outro, realizando cada movimento antes fixado nas retinas do sonhar, intensos...
Quando então, nos encontrarmos - e vivermos - deixemos que aos poucos que nossas bocas se afastem, mas sentindo ainda a quente respiração um do outro, com braços ainda repletos do corpo do outro, para que, num misto de timidez e lassidão, permitamo-nos dizer um tão singelo "oi"...
Lua Aaliyah
...:::Diário de Bordo:::...
No início sonhava com amores e castelos e corações. Deitava-se na cama e, antes de dormir, imaginava... Declarações de amor, poesias e café na cama, fazer amor todas as noites, ouvir “Eu te amo”, cinemas, flores, ligações intermináveis todos os dias, cuidados de um ao outro, meu amor, minha vida...
Depois então sonhava com carinhos e respeito e atenção. Deitava-se na cama e, antes de dormir, imaginava... Ligações, cafuné, uma rosa roubada no final da tarde, uma ou duas ligações para saber como estão as coisas, cinema, ir pra cama algumas boas vezes por semana, selinho na despedida, meu lindo, minha querida...
Então sonhava com companhia e proteção. Deitava-se na cama e, antes de dormir, imaginava... Um convite para sair, um filme no sofá num sábado à tarde, um chocolate roubado da caixa que o irmão caçula ganhou na escola, uma mensagem fora de hora no celular, transar algumas vezes, abraço e tchau, meu fofo, minha gatinha...
Daí sonhava com satisfação e desejos. Deitava-se na cama e, antes de dormir, imaginava... Um ilustre desconhecido, “Olá, tudo bem?”, beijos frios, um refrigerante ou um drink, uma dança, número errado do celular, foder uma ou outra vez, beijinho de um lado, beijinho do outro, três para casar, eu, você, até um outro dia...
Agora...Agora era diferente....
Agora, só dormia.
Lua Aaliyah
...::Aquarelável::...
Naquele instante estava ispirado. O material disposto à sua frente, sua imaginação fervia. Quente. Quente. Quente. Cores frias combinavam melhor.
Não bastava apenas criar. Muito mais era o principal. Meia luz; um tanto insuficiente para técnicos, mas era ideal para ele. Fazia questão também do conforto, não que fosse algum tipo de trabalho difícil, mas queria estar e deixar à vontade.Tudo disposto ao seu alcance.
Estava quase ansioso, fazia questão de prolongar cada sensação, definir cada gesto em sua mente. Sim, estaria tudo perfeito.
Tintas e pincéis à mão, era hora de trazer à tona a idéia. Pincel úmido, deslizava a tinta fria por aquela tela. Em princípio suaves, por vezes o movimento tornava-se brusco, resultando em linhas mais fortes, marcas... A cada traço a inspiração brotava-lhe na mente. Aquela tela ali, inteiramente branca, sem sinais ou manchas, curva, entregue, e seus traços em tons azulados, purpúreos, em contraste àquela alvura.
Ia com o pincel desde o topo, percorrendo linhas, sentindo, percorrendo até a base. Sentia-se entregue, e dono daquilo que tinha em suas mãos. O ritmo do trabalho - não era um trabalho, era literalmente um prazer - crescia, frenético, arfante. A tinta fria lhe escorria quente, e sua obra ficava pronta.
Estava cansado, mas valia à pena. A seu lado repousava sua obra-prima, de linhas curvas e satisfeitos olhos fechados. Era então um artista completo, refletido naquela tela, que duraria eternamente até o proximo banho...
Lua Aaliyah
Cada dia que passa
É menos um dia que falta
É menos um dia de espera
Um ponto mais perto do mapa
Um risco a menos que corro
Um sonho a menos que acaba
Um tempo passado do jogo
Um pouco mais longe do nada
Um ponto a mais no enredo
Um instante mais perto do fim
Um tanto mais longe do medo
Um muito mais perto de mim
Lua Aaliyah
"...Apaixone-se por mim. Não um amor de mesa posta, talheres de prata, toalha de renda, não um amor de terça-feira, água morna, gaveta arrumada. Apaixone-se por mim no meio de uma tarde de chuva, rua alagada, rosas na mão, um amor faminto, urgente, latejante, um amor de carne, sangue e vazantes, um amor inadiável de perder o rumo, o prumo e o norte, me ame um amor de morte.
Não me dê um amor adestrado que senta, deita, rola e finge de morto, que late, lambe e dorme. Apaixone-se felino, sorrateiramente, e assim que eu me distrair, me crave os dentes, as unhas, role comigo e perca-se em mim e seja tão grande a ponto de me deixar perder.
Ame minhas curvas, minha vulva, minha carne, me fecunde e se espalhe por meus versos, meus reversos, meus entalhes. Deixe eu me sentir amada, desejada, glorificada em corpo e espírito, que eu nunca soube o que é ser de alguém, mas preciso que me ensines, que me fales, que me cales, amém.."
...::Patrícia Antoniete::...
...::Roxo, Lilás e Violeta:::..
A cor da tardinha quando chove. Ela olhava pelo vidro da janela . Apenas o abajur aceso, sozinha em casa. Música ligada, computador tocando.
Salto agulha, saia roxa na altura dos joelho, blusa branca com tons de lilás, ela esperava. A cor dos papas, ela que não era santa. Lembrava. Perfume de lavanda, cabelos curtos, unhas finas pintadas, ela esperava. Música no ápice emotivo.
Agora uma vela, chama em lusco-fusco, acende um aroma de malva pelo quarto.
Reclinada no encosto, morde uma ameixa ainda fresca; uma gota de polpa cai em seu colo descoberto pelo decote. Olha a taça de Merlot ao lado. Ali era o mundo. Uma aura sofisticada e pervertida que tudo envolvia, a solidão da própria companhia. O mistério de encontrar quem tão cedo veria trazia sensações, e uma luz néon parecia atravessar seu corpo. Pensamentos furta-cor, sua lembrança trazia anil ao cérebro.
Não seria cedo que aconteceria, havia tempo para mais uma fruta antes de retocar o batom. A uva impregnava-lhe os lábios. Ao som de Lily Allen. Faz um certo calor em contraste ao distante frio. Não sabiam o quanto faziam bem.
Pensava inebriada pelo tinto do vinho. Era uma mulher. Sabia que não chegaria, mas esperava ainda assim. Em todo caso, iria. Bombom de chocolate com licor e cereja. Certamente encontraria o desejo quando chegasse.
Lua Aaliyah
...::Lua Cheia Blues::...
Na meia noite desse fim de linha
É um canto escuro em uma noite fria
À sombra de tudo aquilo que
eu não quero lembrar
Há feridas tão profundas que
nem o tempo consegue alcançar
Uma dose a mais escondida no travesseiro
Um beijo na boca do ser ao avesso
Mais uma marca no espelho do banheiro
Um afago com um tapa pra matar essa charada
Se tudo o que se quer é em benefício do que se faz
Tudo o que desejo é o vazio que me traz
Se é o não querer que move meu mundo
Eu que um dia quis demais
Fiquei aqui
Sentada nesse chão sujo
Lua Aaliyah
...::::Paráfrase::::...
"João amava Teresa que amava Maria..."
É preciso agradar João
É preciso alegrar Maria
É preciso amar José
É preciso felicitar Ritinha
É preciso adorar Antônio
É preciso louvar Francisca
É preciso glorificar Martins
É preciso adotar Anita
É preciso concordar com todos
É preciso coordenar a vida
É preciso dar alegria ao mundo
É preciso acabar com a minha...
Lua Aaliyah
É preciso agradar João
É preciso alegrar Maria
É preciso amar José
É preciso felicitar Ritinha
É preciso adorar Antônio
É preciso louvar Francisca
É preciso glorificar Martins
É preciso adotar Anita
É preciso concordar com todos
É preciso coordenar a vida
É preciso dar alegria ao mundo
É preciso acabar com a minha...
Lua Aaliyah
21 de Fevereiro
Não quero mais a fúria da verdade. Entro na sapataria popular.
Chove por detrás. Gatos amarelos circulando no fundo.
Abomino Baudelaire querido, mas procuro na vitrina um
modelo brutal. Fica boazinha, dor; sábia como deve ser, não tão
generosa, não. Recebe o afeto que se encerra no meu peito. Me
calço decidida onde os gatos fazem que me amam, juvenis,
reais. Antes eu era 36, gata borralheira, pé ante pé, pequeno
polegar, pagar na caixa, receber na frente. Minha dor. Me dá a
mão. Vem por aqui, longe deles. Escuta querida, escuta. A
marcha desta noite. Se debruça sobre os anos neste pulso. Belo
belo. Tenho tudo que fere. As alemãs marchando que nem homem.
As cenas mais belas do romance o autor não soube
comentar. Não me deixa agora, fera.
Ana cristina César
Chove por detrás. Gatos amarelos circulando no fundo.
Abomino Baudelaire querido, mas procuro na vitrina um
modelo brutal. Fica boazinha, dor; sábia como deve ser, não tão
generosa, não. Recebe o afeto que se encerra no meu peito. Me
calço decidida onde os gatos fazem que me amam, juvenis,
reais. Antes eu era 36, gata borralheira, pé ante pé, pequeno
polegar, pagar na caixa, receber na frente. Minha dor. Me dá a
mão. Vem por aqui, longe deles. Escuta querida, escuta. A
marcha desta noite. Se debruça sobre os anos neste pulso. Belo
belo. Tenho tudo que fere. As alemãs marchando que nem homem.
As cenas mais belas do romance o autor não soube
comentar. Não me deixa agora, fera.
Ana cristina César
Querido Diário (Tópicos para uma semana utópica)
Segunda-feira:
Criar a partir do feio
Enfeitar o feio
Até o feio seduzir o belo
Terça-feira:
Evitar mentiras meigas
Enfrentar taras obscuras
Amar de pau duro
Quarta-feira:
Magia acima de tudo
Drogas barbitúricos
I Ching
Seitas macabras
O irracional como aceitação do universo
Quinta-feira:
Olhar o mundo
Com a coragem do cego
Ler da tua boca as palavras
Com a atenção do surdo
Falar com os olhos e as mãos
Como fazem os mudos
Sexta-feira:
Assunto de família:
Melhor fazer as malas
E procurar uma nova
(Só as mães são felizes)
Sábado:
Não adianta desperdiçar sofrimento
Por quem não merece
É como escrever poemas no papel higiênico
E limpar o cu
Com os sentimentos mais nobres
Domingo:
Não pisar em falso
Nem nos formigueiros de domingo
Amar ensina a não ser só
Só fogos de São João no céu sem lua
Mas reparar e não pisar em falso
Nem nas moitas do metrô nos muros
E esquinas sacanas comendo a rua
Porque amar ensina a ser só
Lamente longe por favor
Chore sem fazer barulho
CAZUZA
...::No Lotação::...
Viu o ônibus parado na plataforma e saiu correndo. Tentou ainda a última poltrona vaga, mas a educação da outra garota não permitiu que ela sentasse. Ficou em pé, recostada na barra vertical metálica que fica na metade das conduções. A má educação de um moço sentado fez com que ele pedisse para segurar as coisas que ela levava. E la ia... Em pé... Vendo o caminho passar...
Pára. Abre a porta. Sobe gente. Um homem loiro, olhos muito azuis, pele muito vemelha de sol provavelmente, a indefectível bolsa carteiro preta a tira-colo...
- Bom dia a todos! Estou aqui para falar sobre a tentação das drogas e de como muita gente tem se perdido nesse caminho. Infelizmente eu mesmo já fui há três anos um desses viciados. Por causa das drogas eu perdi os meus amigos, perdi alguns parentes mas graças ao bom Deus estou hoje aqui, lutando pelo meu espaço...
Sabia esse discurso de cor. Todos diziam a mesma coisa, que tinham se salvado graças ao bom Deus - e existe algum mau Deus? - e que aquela era a forma que eles tinham de agradecer o que eles conseguiram na vida, blá, blá, blá...
- Essa canetinha semi automática na cor azul e essa outra caneta, vejam só, com a extremidade emborrachada, protetor de bolsos, também semi automática, que nas livrarias chega a custar dois reais ou dois e cinquenta, vocês vão estar levando aqui comigo por apenas um real. A caneta na tinta azul e a com extremidade emborrachada com protetor de bolsos com tinta na cor preta. Apenas um real, essa é sua contribuição...
Texto decorado... Entrecortado pelos "Deus te abençoe" e "Muito obrigado".
Tudo bem... Dá dois reais, espera o troco, guarda as canetas e o papel na bolsa... Ainda em pé. nunca tinha estados naquelas bandas da cidade. Muita coisa nova. Mas o discurso, esse era decorado.
Nova parada. Pessoas descem. Pega as coisas com o moço sentado e senta logo bem mais a frente, atrás da poltrona mais alta. Cadeira do corredor. Olha distraidamente para a janela, mas a menina ao lado parece não gostar. Ciúmes de uma janela? dane-se...Queria olhar e pronto.
Do nada uma sanfona ao fundo. Susto coletivo no coletivo.
Ao fim do ônibus um homem cego se levanta e começa a tocar. Não entendia muito de sanfonas, mas era nítido que aquela estava desafinada. Doía ouvir, mas, fazer o quê? Opção não lhe restava.
"...toda menina que enjoa da boneca é sinal que o amor já chegou no coração..." E pouco depois parava de cantar. Recebia algum trocado. Agradecia com o "Deus te guie", "Deus te acompanhe". Silêncio.
...
Nova música. Novo susto.
"...quem é o fí de uma égua que dormiu com a minha amada..." A mulher ria alto. A outra explicava onde era o montese. Ele se aproximava da porta da frente. Estava chegando perto. Novos agradecimentos. Agora sem silêncio, outra música.
"...ele não pensa em querer-te, te faz sofrer e até chorar..." A seu lado ali estava, sem ritmo, tom, afinação ou qualquer coisa que o valha. Sentia fome e o clima fechado e quente lhe atrapalhava. não se sentia bem, a música ruim piorava tudo. O sanfoneiro não tinha um dos olhos...
Sentiu-se fora de tempo e espaço.
Ele desceu... Mais gente subiu... Calor... Enfim uma parte conhecida do trajeto. Estava perto de casa.
Perfume forte. Conversas altas e desencontradas. Calor, calor, calor. Estava só...
Levantou, desceria logo após a curva. O rapaz que segurou suas coisas também. Estava a sua frente. Olhou... Sorriu... Não agradeceu novamente e nem lembrava se tinha agradecido antes. Desceram... Cada um foi por um lado...
Enfim, casa...
É hora de fazer o próprio almoço e comer só...
Lua Aaliyah
Pára. Abre a porta. Sobe gente. Um homem loiro, olhos muito azuis, pele muito vemelha de sol provavelmente, a indefectível bolsa carteiro preta a tira-colo...
- Bom dia a todos! Estou aqui para falar sobre a tentação das drogas e de como muita gente tem se perdido nesse caminho. Infelizmente eu mesmo já fui há três anos um desses viciados. Por causa das drogas eu perdi os meus amigos, perdi alguns parentes mas graças ao bom Deus estou hoje aqui, lutando pelo meu espaço...
Sabia esse discurso de cor. Todos diziam a mesma coisa, que tinham se salvado graças ao bom Deus - e existe algum mau Deus? - e que aquela era a forma que eles tinham de agradecer o que eles conseguiram na vida, blá, blá, blá...
- Essa canetinha semi automática na cor azul e essa outra caneta, vejam só, com a extremidade emborrachada, protetor de bolsos, também semi automática, que nas livrarias chega a custar dois reais ou dois e cinquenta, vocês vão estar levando aqui comigo por apenas um real. A caneta na tinta azul e a com extremidade emborrachada com protetor de bolsos com tinta na cor preta. Apenas um real, essa é sua contribuição...
Texto decorado... Entrecortado pelos "Deus te abençoe" e "Muito obrigado".
Tudo bem... Dá dois reais, espera o troco, guarda as canetas e o papel na bolsa... Ainda em pé. nunca tinha estados naquelas bandas da cidade. Muita coisa nova. Mas o discurso, esse era decorado.
Nova parada. Pessoas descem. Pega as coisas com o moço sentado e senta logo bem mais a frente, atrás da poltrona mais alta. Cadeira do corredor. Olha distraidamente para a janela, mas a menina ao lado parece não gostar. Ciúmes de uma janela? dane-se...Queria olhar e pronto.
Do nada uma sanfona ao fundo. Susto coletivo no coletivo.
Ao fim do ônibus um homem cego se levanta e começa a tocar. Não entendia muito de sanfonas, mas era nítido que aquela estava desafinada. Doía ouvir, mas, fazer o quê? Opção não lhe restava.
"...toda menina que enjoa da boneca é sinal que o amor já chegou no coração..." E pouco depois parava de cantar. Recebia algum trocado. Agradecia com o "Deus te guie", "Deus te acompanhe". Silêncio.
...
Nova música. Novo susto.
"...quem é o fí de uma égua que dormiu com a minha amada..." A mulher ria alto. A outra explicava onde era o montese. Ele se aproximava da porta da frente. Estava chegando perto. Novos agradecimentos. Agora sem silêncio, outra música.
"...ele não pensa em querer-te, te faz sofrer e até chorar..." A seu lado ali estava, sem ritmo, tom, afinação ou qualquer coisa que o valha. Sentia fome e o clima fechado e quente lhe atrapalhava. não se sentia bem, a música ruim piorava tudo. O sanfoneiro não tinha um dos olhos...
Sentiu-se fora de tempo e espaço.
Ele desceu... Mais gente subiu... Calor... Enfim uma parte conhecida do trajeto. Estava perto de casa.
Perfume forte. Conversas altas e desencontradas. Calor, calor, calor. Estava só...
Levantou, desceria logo após a curva. O rapaz que segurou suas coisas também. Estava a sua frente. Olhou... Sorriu... Não agradeceu novamente e nem lembrava se tinha agradecido antes. Desceram... Cada um foi por um lado...
Enfim, casa...
É hora de fazer o próprio almoço e comer só...
Lua Aaliyah
A essência por trás do reflexo narcisista do espelho quer dizer expressamente o quê? Qual o significado dessa massa disforme aparentemente atraente formada de pele, pêlos, rugas, saliva, olhos e ar?
O que está vendo atrás de meus olhos, como se percebe através dos meus ouvidos, quem desfruta através de mínha língua? Ah, se eu soubesse te dizer...
Como cada um me percebe, quem cada qual de mim conhece, de que forma cada ser que me rodeia me percebe? E no fim de tudo isso, quem de verdade representa aquilo que eu supunha ser?
O espelho, o olhar, cada persona vista, o que eu acho de mim, qual é a máscara verdadeira???
Lua Aaliyah
O que está vendo atrás de meus olhos, como se percebe através dos meus ouvidos, quem desfruta através de mínha língua? Ah, se eu soubesse te dizer...
Como cada um me percebe, quem cada qual de mim conhece, de que forma cada ser que me rodeia me percebe? E no fim de tudo isso, quem de verdade representa aquilo que eu supunha ser?
O espelho, o olhar, cada persona vista, o que eu acho de mim, qual é a máscara verdadeira???
Lua Aaliyah
Alento
Pequeno, pequenininho
Sindrome do coração partido
E tão quieto, quietinho
Que a dor foge, e fica o vazio...
Lua Aaliyah
Sindrome do coração partido
E tão quieto, quietinho
Que a dor foge, e fica o vazio...
Lua Aaliyah
.:::PAIXPILEPSIA:::.
A princípio a paralisia
Os músculos do corpo não obedecem
Aos comandos do cérebro
Enrijecem
Há o aumento da sudorese corpórea
Logo após vêm os tremores
O raciocínio fica ilógico
E todos parecem olhar você
Bambas, as pernas parecem em crise
E você cai
E treme
Qual a diferença entre os sintomas
De paixão
E de um ataque epilético?
Lua Aaliyah
Ok...Ok...De novo...Esse vem direto do Mundo Da Lua S/A (saudades dele!!!)... Não é novidade..Apenas ele voltou a ser discutido e decidi trazê-lo de volta pelo caminho do Formicida...
..::Platônico::...
Só pensava, e não escrevia, nem falava, apenas lia
Só queria, nem andava, se sentia não gostava
Só ligava, talvez via, e só deitava, não dormia
Mal comia, ou respirava, mas podia, e não estava
Mal lembrava, e ouvia, como sonhava o que seria
Mal entendia, então tentava, e teria o que plantava
Mal sabia o que a esperava, nem fugia, então amava...
Lua Aaliyah
Só queria, nem andava, se sentia não gostava
Só ligava, talvez via, e só deitava, não dormia
Mal comia, ou respirava, mas podia, e não estava
Mal lembrava, e ouvia, como sonhava o que seria
Mal entendia, então tentava, e teria o que plantava
Mal sabia o que a esperava, nem fugia, então amava...
Lua Aaliyah
Tecnologia do Blogger.