.:(re)Pensando:.



É de carne e osso o ser humano
É de dor e sonhos o ser amado
Quando ficar sem sentido o mundo estranho
Reflete em seu olhar todo o estrago
A falência interior sem algum controle
E o desespero visível pelo comando
A falta do carinho que me trouxe
E a tristeza de não mais ter aquele encanto
E a forma de ficar é ir embora
E sangue e vinho se misturam nesse altar
Se meu corpo, independente, me abandona
Minha alma, já exausta, vai te olhar...

Lua Aaliyah

.:Incompreensível:.

A – “De todas as dores que sentia, de tudo o que lhe acontecia, nenhuma dor era mais insuportável que a de vê-lo partir e não poder fazer nada, não poder voltar atrás. Era isso e pronto, havia deixado passar, palavras a menos, e quando tudo lhe escorria feito areia da praia entre os dedos, restava aquela dor de não saber que quanto mais se aperta a mão, mais a areia escorre...”



A – Não queria com isso faze-lo sentir-se mal. Doía, e ele jamais saberia o quanto no breve espaço entre a última ligação e a próxima chamada.

B – Por que não me contas?

A - É uma insegurança tola, medo de perder o resto que me sobra, a parte que eu não tinha. E não tenho. Pior do que perder é não poder fazer nada e assistir, impotente, a partida dele, ao longo da última curva, depois da calmaria da linha reta. Em busca do conhecido, deixando esse corpo misterioso e velho para trás...

B – Muitas vezes a gente pensa que sabe bem se vai ser doce, se vai doer, o que vai ganhar, o que vai perder. Eu só quero que seja em paz, doce, e que não seja em vão. Nunca será em vão, não vale mais desgastar-se por coisas poucas e bobagens irritantes.

A – E por que seria o oposto?

B – Quando a lua se esconde e mostra sua face escura... É em vão saber que todo seu esforço não adiantou de nada, e as coisas continuam confusas. E seu porto em braços amistosos te faz esquecer da obviedade das coisas, e tudo o que é simples e bonito fica escuro. O mostro dos olhos verdes...

A- ....

B – Posso dizer que me é calmo...

A – Posso dizer que me dói essa impotência, mais que a minha cabeça explodindo de tanto pensar na ida, na falsa vinda... E isto tudo confuso, que não há quem entenda, nem eu talvez. Mas é assim que me passa pela cabeça...

B – Nem todos precisam entender, apenas sentir. E se não sentem, que continuem amargando na ignorância. Para alguns se o remédio não for amargo, e se não arder, não parece fazer efeito...



B – “Que seja feliz. Depois de tudo e por todos, que seja feliz. Que pelo bem estar, pela tranqüilidade que dás, que seja feliz. Pois um final triste encerra não só todas as possibilidades do sorriso, mas também faz a gente morrer um pouco por não ter expectativa. Que seja doce. Depois de tanta apreensão, que seja doce. A intranqüilidade não nos rouba só o sono, mas nos tira o viço da juventude, amarga... E nada há de pior do que remédio amargo. Que seja calmo...”

.:Dias de Glória, canções de amor - É doce...:.


Era tarde, estava perdida...

Não sei especificar um quê qualquer de lago profundo e abismo final nessa amplidão negra de teus olhos que me olham assim, tão intensos... Que tento, tento ficar na borda, apenas sentada à margem, molhando minhas mãos nessas negras águas, que ondulam e fazem brotar um sorriso no meu rosto, que logo vejo refletido no teu rosto, lindo, hipnotizante...

E não há como resistir...

É como encontrar águas calmas, tranqüilas, mas que nos levam ao fundo e prendem; a gente perde o pé no piso, na realidade, e morremos afogados ao mergulharmos. Morri ao mergulhar no teu lago...
E sempre quando me olhas assim de perto, com teu abismo negro e teu silente sorriso apoiado em tuas mãos sob o teu queixo, eu consigo ver meu corpo, que ali jaz solenemente em paz, repousando ao fundo das tuas retinas, sereno... Sorridente...

Sim, é doce morrer no lago...

.:Outubro, 2006 - Last Sunset:.



E faz agora dois meses.
Poeira baixada, tarde acabada, cabeça no lugar agora, fica mais fácil de raciocinar.
Estranho essas nuvens cinza essa época do ano, quase não chove em Outubro... Vai ver sou apenas eu refletindo tristeza onde não existe, vai ver...

Talvez agora entenda por que tudo ter acontecido como aconteceu. Não que eu vá ser presunçosa ao ponto de afirmar que tudo o que é bom demais dá medo, não... mas se olhar bem de perto, à proporção que ia ficando intenso, assustava mesmo...

Você já se sentou em frente ao mar pra ver o sol se pôr e viu o mar indo e vindo, a pipa no céu indo e vindo, as crianças indo e vindo ao seu redor, o barquinho que vai... E que depois vem... Mas dessa vez você não veio... E pela primeira vez não fui eu quem foi embora, mas eu também não queria que olhasses para trás.

As linhas mais bonitas dessa poesia não chegaram, nunca chegariam a ser escritas.
E um quê de roupa velha e cheiro de mofo nos livros que sequer chegaram a ser lidos que inunda tudo, e me consola que o melhor mesmo era ter mudado cada pausa e vírgula e saia, camisa e vestido antes que ficasse grande demais, sufocante demais... Sempre aquele irritante cheiro velho de coisas recém compradas...

Difícil compreender se você nunca viveu.

E já não adianta se questionar sobre este ou aquele defeito, se o detalhe do que foi dito não está em harmonia com a latejante sensação de cada palavra ali escrita, não é algo racional, e de repente nunca mais eu te ouvi...


Vai ver consciência é só algo que colocam na nossa cabeça mesmo...

...::: Paixão Segundo E.U.:::...

Não me estranhe desde logo com esta missiva. Nem estranhe meu jeito de escrever/me expressar. Aliás, certamente você estranhará, já que eu mesmo não tenho compreendido e tenho achado tudo isto muito, muito estranho.
Não é uma crise existencial, não... Eu sei bem onde estou, sei para onde vou, sei qual é esse caminho que eu trilho. Apenas... Eu e minha eterna mania de pensar demais nas coisas... Que chato...
Aí está a questão, eu sei por onde a vida está me levando, entende? Não, não entende... Eu suporia isso de ti, o não-entendimento.
Depois de um mês fora, entrar no meu quarto foi um episódio estranho. Livros na estante, computador na mesinha, papéis próximos das canetas, tudo no seu lugar. Por quê? Onde foi que eu escolhi tudo isso? Mal passaram cinco minutos, não aguentava aquilo ali. Peguei o carro, disse que ia ver um filme ou coisa parecida e saí. Mas então dei-me conta de que eu poderia ir onde bem quisesse. Fazer o que bem entendesse. E eu simplesmente não sabia onde ir! Parece que todos me olham, comentam sobre eu parecer perdida no meio da cidade grande... Passamos tanto tempo presos a horas e regras e explicações que quando estamos conosco mesmos, podendo fazer o que bem entendermos, assusta... Preciso(amos) de amarras e correntes para sentir(mos) que estou(amos) no chão, no mundo!
Sentindo o tempo passar entre meus dedos feito a água da praia, caí de pára-quedas no imaginário. O mundo dos porquês é muito vasto! E se disse o pensador algum dia que para cada pergunta capaz de ser elaborada é por que existe em algum lugar uma resposta a ser dada, onde posso encontrar as minhas? Será que o autor estava certo em dizer o a solução era simples pois o problema era o fato de não haver problema algum?
Calma...calma... Não quero transformar isto num questionário nem num texto lispectoriano... Não sou G.H. e nem tenho ambições em sê-lo.
Apenas... Que mundo é este no qual me encontro? Não lembro de tê-lo escolhido para mim... Não quero continuar nele, mas parece faltar tão pouco para sair... São tantos os caminhos a seguir que me é impossivel escolher só um. Parece sempre que é cedo demais para tomar uma decisão, fazer uma escolha. Nunca fui boa em escolhas... Dentre os cem caminhos escolhia um, mas sempre me questionava sobre os outos 99... E de alguma forma tentava dar alguns passinhos (acho tão engraçado esse diminutivo de "passos"!) pelos outros. E, no fim, nada dava certo... Ou tudo dava certo, o que era mais assustador, e eu sempre abandonava tudo por não saber como seguir em frente. Já aconteceu isso com você?
A humanidade é esquisita. Cobram o tempo todo uma posição de você, o que você quer, o que você sente, mas não estão nem aí para essas coisas, cada qual segue sua estrada, se você não sabe onde vai dar, dane-se...
Tenho sentido sua falta.
Minha estrada, sei onde vai levar, a questão é: eu quero mesmo seguir? Eu sei bem quem sou, sei bem do que gosto - e do que não gosto, mas não consigo me definir, entende? Acho que vai pela inconstância das coisas em relação ao futuro. É como se tudo não passasse de um projeto irrealizável... Viver é tentar escrever um livro, mas não tem delete, né? E é sempre muito difícil conseguir patrocínio para nossos sonhos, crenças ou até mesmo obrigações...
Tenho estado em estado de confusão... Ficado em formas desconexas...
Acho que o mundo está passando e a vida está girando... Ou seria o contrário?
Vale então admitir que eu já não sei mais de nada e somente entendo o que eu nada entendo...
Apenas.. Sinto sua falta. Talvez seja essa uma certeza, apesar de eu duvidar que estejas mesmo assim tão longe...
Abraços... Esses sim verdadeiros, embora escritos... Será que essa palavra - abraços - receberás com a mesma carga de sentido com a qual lhe escrevo? Cuidado ao ler minhas palavras então... Quero lhe passar o que sinto, mas agora tenho receio da tua angústia...
É tarde... Poderia não te mandar esta carta, claro, mas então terei gasto as palavras em vão, e esse crime não cometerei. As palavras têm um limite, sabia? Quando usadas em demasia ficam gastas e perdem o valor, então imagine quantas cartas escritas e não mandadas existem a desgastar nosso já tão pobre vocabulário?
Acho que me estendi demais nas desorientações... Queria que você as pudesse ouvir pessoalmente... E você? Diga-me também... Quais suas aflições???
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