...::: Paixão Segundo E.U.:::...

Não me estranhe desde logo com esta missiva. Nem estranhe meu jeito de escrever/me expressar. Aliás, certamente você estranhará, já que eu mesmo não tenho compreendido e tenho achado tudo isto muito, muito estranho.
Não é uma crise existencial, não... Eu sei bem onde estou, sei para onde vou, sei qual é esse caminho que eu trilho. Apenas... Eu e minha eterna mania de pensar demais nas coisas... Que chato...
Aí está a questão, eu sei por onde a vida está me levando, entende? Não, não entende... Eu suporia isso de ti, o não-entendimento.
Depois de um mês fora, entrar no meu quarto foi um episódio estranho. Livros na estante, computador na mesinha, papéis próximos das canetas, tudo no seu lugar. Por quê? Onde foi que eu escolhi tudo isso? Mal passaram cinco minutos, não aguentava aquilo ali. Peguei o carro, disse que ia ver um filme ou coisa parecida e saí. Mas então dei-me conta de que eu poderia ir onde bem quisesse. Fazer o que bem entendesse. E eu simplesmente não sabia onde ir! Parece que todos me olham, comentam sobre eu parecer perdida no meio da cidade grande... Passamos tanto tempo presos a horas e regras e explicações que quando estamos conosco mesmos, podendo fazer o que bem entendermos, assusta... Preciso(amos) de amarras e correntes para sentir(mos) que estou(amos) no chão, no mundo!
Sentindo o tempo passar entre meus dedos feito a água da praia, caí de pára-quedas no imaginário. O mundo dos porquês é muito vasto! E se disse o pensador algum dia que para cada pergunta capaz de ser elaborada é por que existe em algum lugar uma resposta a ser dada, onde posso encontrar as minhas? Será que o autor estava certo em dizer o a solução era simples pois o problema era o fato de não haver problema algum?
Calma...calma... Não quero transformar isto num questionário nem num texto lispectoriano... Não sou G.H. e nem tenho ambições em sê-lo.
Apenas... Que mundo é este no qual me encontro? Não lembro de tê-lo escolhido para mim... Não quero continuar nele, mas parece faltar tão pouco para sair... São tantos os caminhos a seguir que me é impossivel escolher só um. Parece sempre que é cedo demais para tomar uma decisão, fazer uma escolha. Nunca fui boa em escolhas... Dentre os cem caminhos escolhia um, mas sempre me questionava sobre os outos 99... E de alguma forma tentava dar alguns passinhos (acho tão engraçado esse diminutivo de "passos"!) pelos outros. E, no fim, nada dava certo... Ou tudo dava certo, o que era mais assustador, e eu sempre abandonava tudo por não saber como seguir em frente. Já aconteceu isso com você?
A humanidade é esquisita. Cobram o tempo todo uma posição de você, o que você quer, o que você sente, mas não estão nem aí para essas coisas, cada qual segue sua estrada, se você não sabe onde vai dar, dane-se...
Tenho sentido sua falta.
Minha estrada, sei onde vai levar, a questão é: eu quero mesmo seguir? Eu sei bem quem sou, sei bem do que gosto - e do que não gosto, mas não consigo me definir, entende? Acho que vai pela inconstância das coisas em relação ao futuro. É como se tudo não passasse de um projeto irrealizável... Viver é tentar escrever um livro, mas não tem delete, né? E é sempre muito difícil conseguir patrocínio para nossos sonhos, crenças ou até mesmo obrigações...
Tenho estado em estado de confusão... Ficado em formas desconexas...
Acho que o mundo está passando e a vida está girando... Ou seria o contrário?
Vale então admitir que eu já não sei mais de nada e somente entendo o que eu nada entendo...
Apenas.. Sinto sua falta. Talvez seja essa uma certeza, apesar de eu duvidar que estejas mesmo assim tão longe...
Abraços... Esses sim verdadeiros, embora escritos... Será que essa palavra - abraços - receberás com a mesma carga de sentido com a qual lhe escrevo? Cuidado ao ler minhas palavras então... Quero lhe passar o que sinto, mas agora tenho receio da tua angústia...
É tarde... Poderia não te mandar esta carta, claro, mas então terei gasto as palavras em vão, e esse crime não cometerei. As palavras têm um limite, sabia? Quando usadas em demasia ficam gastas e perdem o valor, então imagine quantas cartas escritas e não mandadas existem a desgastar nosso já tão pobre vocabulário?
Acho que me estendi demais nas desorientações... Queria que você as pudesse ouvir pessoalmente... E você? Diga-me também... Quais suas aflições???

1 Seus Mistérios:

Anônimo disse...

bem, vc bem sabe minhas desorientações. eu, que agora até Paulo Matos voltei a ser.
e eu vou escutar todas as suas, da forma que me poder dizer.

segue teu caminho, mas me leva contigo.

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