..::Por que são assim?::..


E então lá ia ela, sabe... Correndo para ir em casa, hora de almoço, aquela pressa gordurosa dos restaurantes de esquina. Preferia dar a volta no quarteirão para não passar perto deles. Lá ia ela, pensando...

Começou a rir-se sozinha! Agora ela tinha dessas, todos já haviam reparado que a cabeça desligada dela andava mais distante do que nunca, mas ninguém tinha certeza se o que a fazia corar era alguém despertar seu sorriso, ou o que a fazia sorrir daquele jeito, distraidamente contemplativo...

Havia sempre algo pronto a dizer, queria sempre ter na verdade. Parecia tudo tão obviamente coincidente, como um discurso planejado de campanhas passadas. Mas era muito tudo confuso!!! Quanto maior a aparente certeza,mais trazia em si a dúvida.. O que queria dizer tudo aquilo? Ah...Se ela não sabe, por que eu saberia? Mas assim como ela, eu bem queria saber também de coisas diretas... Custava dizer logo? Sim, afinal, duvidsa por dúvida, melhor não arriscar... Até lá restava fingir ter paciência...

Parou por um momento.

Respira fundo, segue em frente. A música tinha tocado... Por isso... Daí ela lembrou...

Agora é tudo lembranças, tudo esperanças, tudo ainda mais confuso. Ela quer entender, eu, ah, quero viver e contar o que aconteceu a ela. Olha ali, chegou em casa...Ainda com cara de boba... Nem reparou que o vizinho olhou com cara espantada sem entender o porquê do sorriso...

Deixa... Deixa quieto... Já me disseram uma vez que é melhor cair das nuvens do que do terceiro andar... Um dia, quem sabe, eu vou lá e falo...

...::Admiração::...



Meus olhos, famintos, não se cansam de te acariciar. Procuram sempre um novo ângulo
pra te admirar, e sonham mergulhar na sua boca de vulcão, provar todo o calor que há na sua erupção... Escorregar nos rios claros das margens dos teus pêlos e encontrar o ouro escondido que brilha em seus cabelos. Devorar a fruta que te emprestou o cheiro
e talvez desfrutar de um amor puro e verdadeiro..

Esquecer o espaço, o tempo e o viver,perder a noção do que é ter a noção do perder...

Moska

Mas, o que é estar apaixonada?
Lá ia ela, horário de almoço, terninho, maquiagem, salto alto, fones de ouvido. Não era assim tão distante de casa, mas era distante dele. Uma música que toca, um sorriso que brota, os outros olham a moça que passa e ri sozinha na rua com a lembranca que só ela ouve na música que só ela sente...

Mas, o que é estar apaixonada?
Lá ia ela, correndo, tardinha, aula, sol que se põe... Era distante de Tudo o que estava em seu pensamento. Até no estresse do trânsito pensava. E nas buzinas vinha sempre uma canção de antes, um novo sorriso entre as caras feias dos carros ao lado, e uma sensação aconchegante em seu peito...

Mas, o que é estar apaixonada?!?
Noite em casa, no quarto, em meio a tantos livros, nada lia. Frases, verbos, preposições, propostas e conversas e sorrisos e lembranças e horas intermináveis de palavras e palavras... Mas ela nada lia... Tudo estava em sua mente, fotos, fatos, filmes, tudo. E um suspirar brotou-lhe no seio...

Mas o que é estar apaixonada...
Um sonho, madrugada, entre travesseiros, um aperto. Agora perto, próximo, presente... Em outro canto, mas ali ao lado, e mesmo sem saber, ela sorria, timidamente sorria, mas não Havia ninguém para perguntar-se o porquê daquele sorriso...

(..Mas ainda assim ela sorria...Mesmo que ela não soubesse...Um dia ele veria...)

Lua Aaliyah


"Tornar o amor real é expulsá-lo de você
Para que ele possa ser de alguém"

Quando nós nos encontramos, não fale nada...
Deixe apenas que teu olhar se fixe nos meus e transcenda meu terninho e as tuas camisetas, pois a imagem que se vê de longe em nada se assemelha ao que se percebe quando nos vemos refletidos nos olhos de alguém.

Quando nós nos encontrarmos, não fale nada...
Deixe apenas que, dos olhos, tua boca procure a minha, calada, silenciosa, sem palavra, pois palavras quebrariam o encanto do tão esperado beijo, descrito e revisto pelas linhas imaginárias das conversas por vezes raras, porém infindas...

Quando nos encontramos, não fale nada!
Deixe apenas seu corpo respirar no longo beijo, seu braço enlaçar no longo ensejo de ali estarmos enfim um perto do outro, realizando cada movimento antes fixado nas retinas do sonhar, intensos...

Quando então, nos encontrarmos - e vivermos - deixemos que aos poucos que nossas bocas se afastem, mas sentindo ainda a quente respiração um do outro, com braços ainda repletos do corpo do outro, para que, num misto de timidez e lassidão, permitamo-nos dizer um tão singelo "oi"...

Lua Aaliyah

...:::Diário de Bordo:::...



No início sonhava com amores e castelos e corações. Deitava-se na cama e, antes de dormir, imaginava... Declarações de amor, poesias e café na cama, fazer amor todas as noites, ouvir “Eu te amo”, cinemas, flores, ligações intermináveis todos os dias, cuidados de um ao outro, meu amor, minha vida...

Depois então sonhava com carinhos e respeito e atenção. Deitava-se na cama e, antes de dormir, imaginava... Ligações, cafuné, uma rosa roubada no final da tarde, uma ou duas ligações para saber como estão as coisas, cinema, ir pra cama algumas boas vezes por semana, selinho na despedida, meu lindo, minha querida...

Então sonhava com companhia e proteção. Deitava-se na cama e, antes de dormir, imaginava... Um convite para sair, um filme no sofá num sábado à tarde, um chocolate roubado da caixa que o irmão caçula ganhou na escola, uma mensagem fora de hora no celular, transar algumas vezes, abraço e tchau, meu fofo, minha gatinha...

Daí sonhava com satisfação e desejos. Deitava-se na cama e, antes de dormir, imaginava... Um ilustre desconhecido, “Olá, tudo bem?”, beijos frios, um refrigerante ou um drink, uma dança, número errado do celular, foder uma ou outra vez, beijinho de um lado, beijinho do outro, três para casar, eu, você, até um outro dia...

Agora...Agora era diferente....

Agora, só dormia.

Lua Aaliyah

...::Aquarelável::...



Naquele instante estava ispirado. O material disposto à sua frente, sua imaginação fervia. Quente. Quente. Quente. Cores frias combinavam melhor.

Não bastava apenas criar. Muito mais era o principal. Meia luz; um tanto insuficiente para técnicos, mas era ideal para ele. Fazia questão também do conforto, não que fosse algum tipo de trabalho difícil, mas queria estar e deixar à vontade.Tudo disposto ao seu alcance.

Estava quase ansioso, fazia questão de prolongar cada sensação, definir cada gesto em sua mente. Sim, estaria tudo perfeito.

Tintas e pincéis à mão, era hora de trazer à tona a idéia. Pincel úmido, deslizava a tinta fria por aquela tela. Em princípio suaves, por vezes o movimento tornava-se brusco, resultando em linhas mais fortes, marcas... A cada traço a inspiração brotava-lhe na mente. Aquela tela ali, inteiramente branca, sem sinais ou manchas, curva, entregue, e seus traços em tons azulados, purpúreos, em contraste àquela alvura.

Ia com o pincel desde o topo, percorrendo linhas, sentindo, percorrendo até a base. Sentia-se entregue, e dono daquilo que tinha em suas mãos. O ritmo do trabalho - não era um trabalho, era literalmente um prazer - crescia, frenético, arfante. A tinta fria lhe escorria quente, e sua obra ficava pronta.

Estava cansado, mas valia à pena. A seu lado repousava sua obra-prima, de linhas curvas e satisfeitos olhos fechados. Era então um artista completo, refletido naquela tela, que duraria eternamente até o proximo banho...

Lua Aaliyah

Cada dia que passa
É menos um dia que falta
É menos um dia de espera
Um ponto mais perto do mapa

Um risco a menos que corro
Um sonho a menos que acaba
Um tempo passado do jogo
Um pouco mais longe do nada

Um ponto a mais no enredo
Um instante mais perto do fim
Um tanto mais longe do medo
Um muito mais perto de mim

Lua Aaliyah
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