Se eu puder passar, eu passo
Se eu puder entregar, entrego
Se eu puder fazer, eu faço
Se eu puder negar, eu nego
Se eu conseguir chegar, eu chego
Se eu tiver que ligar, eu ligo
Se no fim eu puder pagar, eu pago
Se eu puder pegar, eu pego
Se eu puder chamar, eu chamo
Ou se for só pra escrever, escrevo
Se for preciso comer, eu como
Se necessitar dormir, eu durmo
Se tiver que resolver, resolvo
Se eu puder fazer algo, eu faço
Se for preciso esperar, impaciento
Se eu tiver que me acalmar, me acalmo
Se eu puder então chorar, eu prendo
Se é preciso compreender, entendo
Se eu conseguir amar, eu amo
Se eu tiver como viver, eu vejo...
Admirável Mundo Novo
É chegado um tempo em que podemos dizer o que pensamos, mas não devemos. Não devemos por que sempre vai incomodar alguém. E é proibido incomodar quem quer que seja.
É um tempo no qual você pode ter a opinião que quiser, desde que seja igual a do próximo. Da maioria. De todos. Um tempo no qual você precisa se justificar após emitir um comentário. Precisa se desculpa antes mesmo de alguém se sentir ofendido. Por que sempre vai ter alguém para se sentir ofendido. Um tempo no qual a pressão por pensar diferente faz com que cada vez mais as pessoas pensem de maneira igual. Uniforme. Superficial. Um tempo no qual se cita mil e um teóricos para explicar o que se pensa, mas nunca se faz nada na prática.
É chegado o momento em que fingimos que gostamos do programa de TV ou do filme, ou então, calamos. Em que fazemos isso muitas vezes por preguiça de discordar e enfrentar as consequências. Tempo em que calar é a melhor saída para evitar a fadiga.
Um tempo em que se pode pensar livremente, falar abertamente, e ser tão - ou mais - julgado por isso quanto nos tempos em que havia limites, censuras, opressões.
Mas a censura não vem de um ser superior, uma entidade que se considera master.
A censura agora vem da pessoa sentada a seu lado na faculdade, do seu amigo no Facebook. A censura vem de nós mesmos. É chegado o tempo da ditadura do próximo, tempo no qual refreamos e pensamos duas, três, quatro, mil vezes antes de fazer algo, medindo e calculando o impacto do que vamos falar ou fazer. A pena? Nada de torturas ou prisões. Algo pior. O julgamento do outro. A espera pela aprovação e a agonia pela desaprovação. Uma vida contada em likes, thumbs up, shares, comments, regrams, e outros estrangeirismos mais, já traduzidos.
É chegado o admirável mundo novo. E o governo, esse não mete mais medo. Somos nós mesmos que amedrontamos.
É um tempo no qual você pode ter a opinião que quiser, desde que seja igual a do próximo. Da maioria. De todos. Um tempo no qual você precisa se justificar após emitir um comentário. Precisa se desculpa antes mesmo de alguém se sentir ofendido. Por que sempre vai ter alguém para se sentir ofendido. Um tempo no qual a pressão por pensar diferente faz com que cada vez mais as pessoas pensem de maneira igual. Uniforme. Superficial. Um tempo no qual se cita mil e um teóricos para explicar o que se pensa, mas nunca se faz nada na prática.
É chegado o momento em que fingimos que gostamos do programa de TV ou do filme, ou então, calamos. Em que fazemos isso muitas vezes por preguiça de discordar e enfrentar as consequências. Tempo em que calar é a melhor saída para evitar a fadiga.
Um tempo em que se pode pensar livremente, falar abertamente, e ser tão - ou mais - julgado por isso quanto nos tempos em que havia limites, censuras, opressões.
Mas a censura não vem de um ser superior, uma entidade que se considera master.
A censura agora vem da pessoa sentada a seu lado na faculdade, do seu amigo no Facebook. A censura vem de nós mesmos. É chegado o tempo da ditadura do próximo, tempo no qual refreamos e pensamos duas, três, quatro, mil vezes antes de fazer algo, medindo e calculando o impacto do que vamos falar ou fazer. A pena? Nada de torturas ou prisões. Algo pior. O julgamento do outro. A espera pela aprovação e a agonia pela desaprovação. Uma vida contada em likes, thumbs up, shares, comments, regrams, e outros estrangeirismos mais, já traduzidos.
É chegado o admirável mundo novo. E o governo, esse não mete mais medo. Somos nós mesmos que amedrontamos.
>>> Sobre a ignorância
"Na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor."
Eclesiastes 1:18
Eu que não sei nada do mar
Fui tragada pelo turbilhão de ondas
Meu corpo inerte agora flutua
Entre espumas sob a vastidão do céu azul
Eu que não sei nada do amor
Me perdi e me deixei levar
E sem saber de mim também
Me equilibro entre o sentir e o dizer
Eu que não sei nada da vida
Apenas aprendi a respirar
E entendi que a solidão é um aprendizado
E os dias se passam da forma como dá
Eclesiastes 1:18
Eu que não sei nada do mar
Fui tragada pelo turbilhão de ondas
Meu corpo inerte agora flutua
Entre espumas sob a vastidão do céu azul
Eu que não sei nada do amor
Me perdi e me deixei levar
E sem saber de mim também
Me equilibro entre o sentir e o dizer
Eu que não sei nada da vida
Apenas aprendi a respirar
E entendi que a solidão é um aprendizado
E os dias se passam da forma como dá
Sobre a vida e o tédio ou seria o sentido?
Você chega em casa à noite, depois do trabalho, e por um segundo fica contente quando se dá conta de que não tem ninguém em casa. Joga as coisas em cima do sofá, caminha até o quarto, tirando a camisa e respirando fundo... Tira os tênis, meias, talvez troque a calça jeans por uma bermuda, talvez fique de jeans mesmo até a hora do banho... Tanto faz...
Vai até a cozinha, abre a geladeira. Tem queijo, presunto, pão... Arroz, feijão, bife... Ou nada... Você pega uma maçã. Tem fome, mas, tanto faz... Sem ânimo para preparar algo mesmo...
De volta ao quarto, liga a TV. Nova temporada de Game of Thrones... Ninfomaníaca estreando no Telecine, reprise de Friends na Warner, programa de culinária para homens no Fox Life... Você vai zapeando de canal em canal, do começo até o fim, sem parar em canto algum. Afinal, tanto faz...
Olha o celular. Uma mensagem dela. Alguma coisa engraçada talvez. Talvez apenas um oi. Talvez diga que está com saudade. Mas depois você lê, tanto faz...
Você levanta e toma um banho. A água gelada é desconfortável mas... Fazer o quê. A fome aperta, e você faz um sanduíche qualquer de qualquer jeito. Então as pessoas chegam em casa e começam a fazer barulho. E você pensa em morar sozinho, mas, tanto faz...
De volta ao quarto, liga o computador. Dicas para facilitar o dia a dia no SOS Solteiros. Pornografia para baixar pelo torrent. Músicas para baixar pelo MP3 Skull. "Encontrar a trilha sonora daquele filme novo..." Vídeos de entrevistas, podcasts sobre filmes, pesquisa preço de livros em sites, pensa em comprar um novo tênis... Facebook, nada de novo. E-mail, nada de novo. Tem trabalho para fazer, texto para escrever, conta para pagar... E de volta ao começo. Nesse eterno looping de sites e redes... A ordem tanto faz...
Vai dormir. Acorda, toma banho, toma café, o mesmo de todo dia. Nunca muda. Vai a pé para o trabalho. É mais prático. Pela manhã, o estômago dói. Após horas em frente ao computador, pela tarde, a cabeça dói. No caminho de volta para casa, a alma dói.
Mas no final, não era de sentir dor todo dia mesmo, por dentro? Por que, você pensa consigo mesmo que a vida às vezes não passa de uma roda de hamster, igual a que você vê na loja de animais que passa em frente todo santo dia. O ratinho lá, correndo, sem destino certo, apenas por que sente que é preciso correr. Assim não era ele? Assim não era o mundo?
Então você está de volta em casa, dessa vez tem gente na sala vendo TV, sua mãe na cozinha fazendo jantar. mal você atravessa e ela lhe enche de perguntas. "O que você quer jantar?", "Viu que essa lâmpada queimou?", "Você pode levar sua irmã para a aula amanhã?", "O que você prefere, levá-la ou buscá-la na aula amanhã?".
E você respira fundo, joga as coisas no sofá, em silêncio vai até o quarto, tirando a camiseta. Tira os tênis, as meias, pensando na vida, na roda do hamster, no rato, dizendo para si mesmo "tanto faz"...
.:Macabéa:.
Houve um tempo em que eu achava que a questão era ter tudo. Era preciso ter tudo e assim não ia mais doer.
Era preciso família, amigos, dinheiro amor... e não ia mais
doer.
Era preciso diversão, ostentação, moda, luxo... e não ia
mais doer.
Era preciso força, vontade, paciência... e não ia mais doer.
Então me armei com o que pude e fui à batalha. Fiquei
próximo da minha família, conquistei amigos, trabalhei por dinheiro e encontrei
um amor. Mas ainda doía.
Fui em busca de me divertir, comprei coisas para ostentar,
me vesti com o que era tendência, fiz coisas pelas quais não podia pagar. E
continuou a doer mais.
Busquei forças de dentro de mim, mantive minha meta, meditei
para ter mais paciência. E ainda assim, doía.
Eu achava que era uma questão de ter. Depois uma questão de
ser. Mas me olho no espelho e vejo que tenho o que quero, mais do que isso,
tenho exatamente aquilo que preciso, vejo que sou em boa parte aquilo que eu um
dia quis ser, mais exatamente, sou aquilo que nesses anos todos eu tenho
conseguido ser.
Então, que demônios são esses que ainda me fazem doer por
dentro?
.:Efêmero:.
O tempo não para e a gente ainda passa correndo..
As pessoas têm o segredo da felicidade da palma da mão, mas se perdem entre telefonemas não dados, decisões adiadas, informações não buscadas...
São tão poucas as oportunidades que quase nos esquecemos delas, e as deixamos passar no meio de tantas tarefas, horários a cumprir e satisfações a dar. E no final, onde vamos parar com isso?
Quer dizer, o que fica além do vazio ao final do dia e a sensação de que esqueceu de alguma coisa, mas não sabe do que?
Acontece que a gente esqueceu mesmo...
Esqueceu de sorrir um pouco, de mandar um olá, de dar bom dia...
Esquecemos do mundo que existe dos nossos fones de ouvido para fora, das paredes de nosso trabalho para rua, dos limites da nossa internet para fora.
E voluntariamente nos afastamos daqueles que amamos. Até que ele vai embora e então é que a gente se dá conta do quanto tempo estivemos fora.
E voluntariamente nos afastamos daqueles que amamos. Até que ele vai embora e então é que a gente se dá conta do quanto tempo estivemos fora.
E esse tempo a gente não mede em segundos, minutos e dias...
É o tempo da ausência, da falta de notícias, do aparente descaso com a vida além da própria, dos problemas além dos próprios, o tempo em que não se segurou a mão, olhou no olho, mesmo calado. Tempo da ausência...
Por que a vida, essa filha da mãe, é repleta de ausências, e nós cruelmente, criamos a cada dia mais e mais ausências.
Por que a vida, essa filha da mãe, é repleta de ausências, e nós cruelmente, criamos a cada dia mais e mais ausências.
Me pergunto por que não é tão mais fácil criar contatos e presentes...
Por que em vez de resolver uma última questão antes de ligar, a gente não dá um tempo e manda mensagem...
Ou antes de escrever aquele último parágrafo, a gente apenas não respira fundo e sorri, por que não é que o trabalho foi exaustivo. É que enfim acabou.
Mas hoje esse tipo de coisa ficou relegado a frases de efeito em textos de auto ajuda...
Mas hoje esse tipo de coisa ficou relegado a frases de efeito em textos de auto ajuda...
E é tosco dizer tudo isso...
Quero morrer brega...
Quero morrer brega...
Right here waiting
Hoje eu me senti sozinho. Pela primeira vez em meses. E eu que achava que nunca mais fosse me sentir assim.
Não que se sentir só seja algo estranho em si...
Eu só tinha desacostumado da sensação de não saber.
Não saber se está tudo bem...
Não saber se eu posso ligar...
Não saber se eu ainda posso contar...
Não saber o que está acontecendo direito...
Eu sei, ninguém é perfeito.
Eu não sou e não quero que ninguém seja
Senti vontade de te ligar. Ou mandar mensagem.
Nem era nada de importante
Era só para saber como você estava
Mas achei melhor esperar...
Não que se sentir só seja algo estranho em si...
Eu só tinha desacostumado da sensação de não saber.
Não saber se está tudo bem...
Não saber se eu posso ligar...
Não saber se eu ainda posso contar...
Não saber o que está acontecendo direito...
Eu sei, ninguém é perfeito.
Eu não sou e não quero que ninguém seja
Senti vontade de te ligar. Ou mandar mensagem.
Nem era nada de importante
Era só para saber como você estava
Mas achei melhor esperar...
O dia em que não fiz uma tatuagem como forma de rebeldia
"Feita de música, luar e sentimento..."
Eu sempre quis fazer uma tatuagem. Já tive trocentas ideias, mudava a cada semana, mas um dia li essa frase e me encantei com ela. Estava decidida. Iria fazer no ombro. Pronto.
Eu sempre quis fazer uma tatuagem. Já tive trocentas ideias, mudava a cada semana, mas um dia li essa frase e me encantei com ela. Estava decidida. Iria fazer no ombro. Pronto.
Mas... Fui deixando para depois, adiando, inventando alguma desculpa, falta de grana, falta de tempo, o desenho que não era legal, o traço, tudo, e não fazia a tal tatuagem. Até que me perguntei porque, e entendi que não havia motivos para não fazer. Só que não havia também motivo algum para fazer.
Por que, qual a ideia básica de alguém que decide fazer uma tatuagem? Ser diferente. mas, pensando bem, em dias como agora, diferente de quem?
Não entendo essa obsessão das pessoas hoje em dia em serem diferentes. E muito menos como essa paranoia toda começou. Incrível o tempo e energia que vejo desperdiçarem querendo ser diferentes, únicas. Mas no fundo, parecem não perceber que estão cada vez mais iguais. Acontece que eu percebi que o que faz alguém diferente não é ela ter um corte ou uma cor de cabelo ousada, uma, duas ou mil tatuagens, piercings, body arts, uma maquiagem chamativa, uma roupa diferente ou qualquer coisa do tipo. O mundo é - e sempre foi, na verdade - uma soma desses elementos.
O que faz de mim uma pessoa diferente é o que eu sou enquanto pessoa.
"Passo tanto tempo querendo ser quem eu sou e ficam vocês querendo que eu seja como eles..."
Li em um libro sobre ele e essa frase sempre me acompanhou.
Deixa explicar: é meu jeito de pensar, de agir. (Acho que) o que faz de mim ser diferente é jogar o lixo no cesto e não no chão. É dar bom dia ao entrar no elevador. É perceber que minha colega de trabalho está passando por dificuldades e levar um chocolate pra ela. É pensar por mim mesma e defender minhas opiniões, mas respeitar a daqueles que pensam de outra maneira.
No fim das contas, é isso que vai ficar no mundo quando eu me for.
"Mas isso é tão clichê!"
Claro que é!!! Tanto quanto ter uma cereja tatuada no ombro ou três estrelinhas na nuca, atrás da orelha. Mas a questão não é ser clichê. É ser rebelde. E, para mim, pintar o cabelo de vermelho, usar determinada roupa ou fazer uma tattoo não é sinônimo de rebeldia.
Claro que é!!! Tanto quanto ter uma cereja tatuada no ombro ou três estrelinhas na nuca, atrás da orelha. Mas a questão não é ser clichê. É ser rebelde. E, para mim, pintar o cabelo de vermelho, usar determinada roupa ou fazer uma tattoo não é sinônimo de rebeldia.
"Ah, mas tem toda uma simbologia, uma história, um marco..."
Aí é outro departamento. Se na sua vida aconteceu uma tragédia ou uma alegria muito grande, algo que de tão excepcional e importante te marcou - literalmente - na pele, a tatuagem ganha outra dimensão. Aqui não é mais ser diferente, único ou rebelde. É ter algo para lembrar a si mesmo. E eis mais um motivo que não tenho para desenhar meu corpo. Não tenho nenhum marco assim na vida.
Aí é outro departamento. Se na sua vida aconteceu uma tragédia ou uma alegria muito grande, algo que de tão excepcional e importante te marcou - literalmente - na pele, a tatuagem ganha outra dimensão. Aqui não é mais ser diferente, único ou rebelde. É ter algo para lembrar a si mesmo. E eis mais um motivo que não tenho para desenhar meu corpo. Não tenho nenhum marco assim na vida.
Por outro lado... Vejo cada vez mais vejo asas, pássaros, plumas e símbolos de infinito em pulsos, ombros, nucas e outras partes corporais por aí afora... Será mesmo o quesito "liberdade" algo tão marcante assim? Ou antes, será mesmo que você, tão livre e dono de suas decisões, precisa mesmo de uma tatuagem que mostre pro mundo o tamanho de sua liberdade? Por que, vejo crescer esse enorme exército de mentes "livre-pensantes" que no fundo, me lembram um pouco aquele clipe de Another Brick on the Wall, mas com tatuagens de pássaros fugindo de gaiolas no lugar dos fardamentos.
Que liberdade é essa que não se realiza se não for exposta e exibida ao mundo? E aqui, talvez, a gente volte ao começo do texto: isso é ser diferente? Mas, diferente de quem?
Então, ao passar na porta do estúdio de tatuagem, olhei para o letreiro, sorri para quem estava lá dentro, respirei fundo, e segui meu caminho. Como uma rebelde - e com causa: a de continuar sendo quem eu sou.
Quem é? O que é? Tento dizer o que me falta e o que (não) digo falta me faz. Mal as palavras sobem-me à garganta engasgam, saem mortas ou, se (sobre)vivem, perdem-se. Sim! perdem-se de mim e eu me perco delas. Logo "perdem-se" elas novamente em encontros futuros... Não sou dono de minhas próprias palavras! Queria poder dizer, mas não há palavras. É preciso criá-las, é preciso um meio; um meio de dizer sem "palavras". O silêncio me é amigo. o silêncio me é companheiro. Tão importante quanto sentir, tão importante quanto o não dito, tão importante quanto a nota perdida, a nota encontrada, o acorde consonante e dissonante. Sou? Não sou (?). É preciso dizer com o silêncio. Não há palavras, é preciso dizer com literatura. O que sou? Quem sou eu?
Um enigma!
.: Autor Desconhecido :.
Diálogo de Caio
Sim, eu sei, eu estou fazendo o que gosto. É claro que eu adoro escrever. Adoro ler. Conhecer gente. E estou podendo fazer tudo isso e ainda receber dinheiro em troca. Pouca gente pode abrir a boca e dizer que até gosta de ir pro trabalho, não é mesmo? Eu pensando bem, eu até sinto falta às vezes, quando não estou lá...
Ah, sim, a faculdade é cansativa, claro... Muita coisa, muita aula, muitos trabalhos!!!... Mas no fim, é bom. A gente sempre pode aprender uma ou outra coisa nova. Não, ainda não conheço muito gente por lá, na verdade não conheço praticamente ninguém, mas sei lá, você sabe que sou meio chata, meio desconfiada, não faço amizade assim tão fácil. E é, tem isso também, sou muito impaciente com as pessoas. Mas tirando isso, lá é legal... E se Deus quiser, logo acaba.
Mas como você pode perguntar uma coisa dessas!? Claro que eu te amo! Sim, claro que sei que você também me ama, e isso é muito bom, você sabe! Nós sabemos! E claro que que fico feliz quando estou contigo. Você me faz sorrir. Isso nunca, presta atenção, nunca esteve em questão... Eu sei que parece que eu tenho tudo... Eu só não sei por que mesmo assim, ando triste...
Ah, sim, a faculdade é cansativa, claro... Muita coisa, muita aula, muitos trabalhos!!!... Mas no fim, é bom. A gente sempre pode aprender uma ou outra coisa nova. Não, ainda não conheço muito gente por lá, na verdade não conheço praticamente ninguém, mas sei lá, você sabe que sou meio chata, meio desconfiada, não faço amizade assim tão fácil. E é, tem isso também, sou muito impaciente com as pessoas. Mas tirando isso, lá é legal... E se Deus quiser, logo acaba.
Mas como você pode perguntar uma coisa dessas!? Claro que eu te amo! Sim, claro que sei que você também me ama, e isso é muito bom, você sabe! Nós sabemos! E claro que que fico feliz quando estou contigo. Você me faz sorrir. Isso nunca, presta atenção, nunca esteve em questão... Eu sei que parece que eu tenho tudo... Eu só não sei por que mesmo assim, ando triste...
Há meros devaneios tolos...
Não sei o que acontece. Sinto que não consigo me encaixar no mundo...
Não é discurso de gente metida a triste. Ou que se faz de deprimida para mendigar amor...
É simples...
Não me identifico com o mundo...
Não encontro lugar para mim...
Não sinto pathos...
Não tenho a paixão por moda que algumas colegas tem. Não me interesso tanto por gastronomia quanto minha habilidade para cozinhar permitiria. Não leio tantos livros quanto minha formação exigiria e nem ouço tantas músicas quanto meu gostar desdobraria.
Sou uma intensa sem paixões...
Uma do contra à deriva. E sem opções.
Que não consegue conversar sobre a série do momento com o namorado. Ou sobre o casamento da filha da vizinha com a mãe...
Chego a sentir certa inveja das pessoas...
Tão integradas em seus assuntos. Tão animadas em suas convicções...
Todas de conversa. Vários assuntos. Piadas internas.
Eu não sei fazer nada disso...
Eu só me esforço para parecer comum. Para me integrar...
Geralmente, até que me saio bem.
Muitas vezes, apenas fico calada. E observo...
Eu gosto de observar as pessoas...
Como elas interagem. O que gostam de conversar...
E tento fazer igual. Sair de dentro da minha mente...
Onde sinto que é o meu lugar.
Alguma Poesia
Quando acordo no meio da noite
E o vejo dormindo a meu lado
Por um breve momento
O mundo inteiro faz sentido
Como se o tempo parasse ao movimento
Do peito dele, desnudo, enquanto respira
E eu quase pudesse tocar a alegria que me invade
E acredito que, no sono, ele sabe
Exatamente o tamanho do que sinto
Mesmo que eu não tenha a coragem
Para dizer as palavras certas
O rosto sereno e esquecido
Distante no reino dos sonhos
É a visão da paz que eu queria dar ao meu espírito
Tão fatigado de amar errado
De vagar sem rumo
Quando ele dorme ao meu lado
É como se eu voltasse para casa
E o vejo dormindo a meu lado
Por um breve momento
O mundo inteiro faz sentido
Como se o tempo parasse ao movimento
Do peito dele, desnudo, enquanto respira
E eu quase pudesse tocar a alegria que me invade
E acredito que, no sono, ele sabe
Exatamente o tamanho do que sinto
Mesmo que eu não tenha a coragem
Para dizer as palavras certas
O rosto sereno e esquecido
Distante no reino dos sonhos
É a visão da paz que eu queria dar ao meu espírito
Tão fatigado de amar errado
De vagar sem rumo
Quando ele dorme ao meu lado
É como se eu voltasse para casa
Entre transportes públicos e seus passos apressados, ela ia pela cidade. Era um daqueles dias meio de sol, meio de chuva, como uma ânsia que não sabe se fica alegre ou triste.
Acordara sentindo-se estranha. Feia, talvez? "A solidão enfim não me deprime. Acho que as nuvens estão indo embora." As palavras não lhe saíam da cabeça. Gostava de ficar quieta. No seu canto.
Mas as pessoas, sempre em seus grupos, faziam sempre muito barulho. Aqueles que implicam com a ideia do homem ter vindo do macaco nunca devem ter reparado que as pessoas só andam em bandos. E as pessoas que passavam por ela, igualmente em bandos, conseguiam ser mais barulhentas que seus fones de ouvido tocando AC/DC no volume máximo, mais barulhentas que sua mente ruidosa.
Preferiu então buscar um canto mais tranquilo, onde pudesse ouvir o som da própria respiração. "A solidão enfim não me deprime." Olhou para o vazio. Sorriu. E começou a escrever.
"No fundo as pessoas tem medo de estarem consigo mesmas. É tão estranho, parece que fica todo mundo olhando pra gente. Sabe aquela sensação de que só existimos a partir do momento em que interagimos com outras pessoas? Balela, eu sei, você me diz, mas é como se sentissem até certa pena de mim, sentada, sozinha, escrevendo, enquanto por todo lado sempre há tanta gente.
Devem achar que sou uma chata. Ou talvez, uma esnobe. Mas ninguém consegue perceber que eu sou simplesmente tímida. Claro, no mundo em que vivemos é muito mais fácil julgar por aquilo que se vê do que conhecer, afinal, é tudo tão superficial que as pessoas acabam com medo de contatos mais profundos. E tudo o que consigo ver são pessoas extremamente solitárias rodeadas por um mar de gente em relações vazias e superficiais.
Vai ver, é porque para ter algum tipo de relacionamento mais profundo com alguém é preciso, antes de mais nada, saber estar consigo mesmo. E gostar."
Tinha começado a chover. Entre vozes, passos, música e a batida do seu coração, aquele era o melhor som que poderia ouvir.
Acordara sentindo-se estranha. Feia, talvez? "A solidão enfim não me deprime. Acho que as nuvens estão indo embora." As palavras não lhe saíam da cabeça. Gostava de ficar quieta. No seu canto.
Mas as pessoas, sempre em seus grupos, faziam sempre muito barulho. Aqueles que implicam com a ideia do homem ter vindo do macaco nunca devem ter reparado que as pessoas só andam em bandos. E as pessoas que passavam por ela, igualmente em bandos, conseguiam ser mais barulhentas que seus fones de ouvido tocando AC/DC no volume máximo, mais barulhentas que sua mente ruidosa.
Preferiu então buscar um canto mais tranquilo, onde pudesse ouvir o som da própria respiração. "A solidão enfim não me deprime." Olhou para o vazio. Sorriu. E começou a escrever.
"No fundo as pessoas tem medo de estarem consigo mesmas. É tão estranho, parece que fica todo mundo olhando pra gente. Sabe aquela sensação de que só existimos a partir do momento em que interagimos com outras pessoas? Balela, eu sei, você me diz, mas é como se sentissem até certa pena de mim, sentada, sozinha, escrevendo, enquanto por todo lado sempre há tanta gente.
Devem achar que sou uma chata. Ou talvez, uma esnobe. Mas ninguém consegue perceber que eu sou simplesmente tímida. Claro, no mundo em que vivemos é muito mais fácil julgar por aquilo que se vê do que conhecer, afinal, é tudo tão superficial que as pessoas acabam com medo de contatos mais profundos. E tudo o que consigo ver são pessoas extremamente solitárias rodeadas por um mar de gente em relações vazias e superficiais.
Vai ver, é porque para ter algum tipo de relacionamento mais profundo com alguém é preciso, antes de mais nada, saber estar consigo mesmo. E gostar."
Tinha começado a chover. Entre vozes, passos, música e a batida do seu coração, aquele era o melhor som que poderia ouvir.
Alívio
Não escrevo para ser famosa, para ser repetida nem para ser reconhecida. Muito menos escrevo para deixar um legado à humanidade, mudar o mundo ou deixar qualquer espécie de mensagem a quem quer que seja. Não escrevo para dar indiretas. Aliás, faço isso de forma bem direta mesmo, através da fala.
Não pretendo cumprir a meta de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Não tenho tempo para isso. Nem quero trazer alegria e conforto através das minhas palavras. Não sou nem psicóloga. Não busco tampouco despertar inquietudes pelos meus textos. Acho que já tem paixão e medo demais no mundo para fazer isso.
Escrevo porque não caibo dentro do meu corpo. Por que meu universo é mais amplo e profundo do que minha cabeça pode processar. Escrevo porque nunca haverá musicas o suficiente no mundo que falem por mim aquilo que acho que não sei dizer.
Escrevo porque sinto muito, e a tristeza é tão sofrida e a felicidade tão alegre que vivo com o peito prestes a explodir. A intensidade da chuva me comove e oisterio do luar me emociona, e a voz humana é falha, e seu barulho quebra a beleza frágil do silêncio.
No final, escrevo porque não sei fazer outra coisa na minha vida. E nem quero. Escrevo para não sentir dor. Escrevo para continuar a ser eu mesma...
Não pretendo cumprir a meta de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Não tenho tempo para isso. Nem quero trazer alegria e conforto através das minhas palavras. Não sou nem psicóloga. Não busco tampouco despertar inquietudes pelos meus textos. Acho que já tem paixão e medo demais no mundo para fazer isso.
Escrevo porque não caibo dentro do meu corpo. Por que meu universo é mais amplo e profundo do que minha cabeça pode processar. Escrevo porque nunca haverá musicas o suficiente no mundo que falem por mim aquilo que acho que não sei dizer.
Escrevo porque sinto muito, e a tristeza é tão sofrida e a felicidade tão alegre que vivo com o peito prestes a explodir. A intensidade da chuva me comove e oisterio do luar me emociona, e a voz humana é falha, e seu barulho quebra a beleza frágil do silêncio.
No final, escrevo porque não sei fazer outra coisa na minha vida. E nem quero. Escrevo para não sentir dor. Escrevo para continuar a ser eu mesma...
Ascendente em Câncer
"E se um dia me veres chorando
Partindo de dor
Como uma pobre coisa desgraçada
Como uma triste flor esmigalhada entre seus dedos
Meu amor, não enxugues o meu pranto:
Ri, ri teu sorriso de ouro!
Sacode tua vida como um guizo sobre a minha
E então deixe-me só
Fingindo que é de alegria que eu estou chorando..."
..::Filipe::..
Partindo de dor
Como uma pobre coisa desgraçada
Como uma triste flor esmigalhada entre seus dedos
Meu amor, não enxugues o meu pranto:
Ri, ri teu sorriso de ouro!
Sacode tua vida como um guizo sobre a minha
E então deixe-me só
Fingindo que é de alegria que eu estou chorando..."
..::Filipe::..
Não falo nada
Tão cansado, você tem vontade de ficar quieto, enrolado, deitado na cama vendo algum filme de Fellini, ou talvez Truffaut, alguma coisa antiga e obscura que lhe faça ficar pensando em como a vida é um jogo, e vai ficar se lamentando e se remoendo por cada pequena bobagem que não deu certo hoje num loop infinito de autocomiseração, e então comerás demais e beberás em excesso se maldizendo do ônibus lotado e da bolha no calcanhar causada pelo sapato apertando o pé por longos quarteirões e por ter descido no ponto errado, e tudo o que quer é ficar sozinho por que nessas horas a gente superdimensiona e não percebe que aquela barata voadora gigantesca e nojenta não passa de uma formiguinha com asas, dessas que aparece depois que chove, e você está tão cego de raiva, medo e preocupação que nem percebe que no fim, a solução não é tão complicada, e aí se perde, jogado no quarto, só de cueca, olhando pro teto, a cabeça fervilhando ideias incompletas enquanto algum cavaleiro joga xadrez com um anjo bobo, ou talvez a morte, não interessa, só que você sente frio e está tão absorvido nesse redemoinho de oversized troubles que nem a lembrança dela o acalenta, mas na verdade, você sabe que é exatamente a lembrança dela que acalma seu coração, e você foge de atender o telefone quando toca e é ela ligando, por que somos assim, ficamos tão presos ao mal-estar de um dia ruim que este parece que só se completa se o mundo todo souber que nos sentimos miseráveis por que uma coisa deu errado ou complicou, ou simplesmente por que somos egoístas e queremos permanecer envoltos na espessa fumaça poluída da autopiedade que embaça nossa mente e deixa passar os pequenos raios de luz que tentam adentrar através da névoa e nos fazer ver que por mais que neguemos, os clichês têm sua razão e no final, a solução é mais simples do que se perder pensando no problema, e quando acaba, tudo se resolve e a gente pode parar para ver um romance, uma comédia quem sabe, algo com uma música alegre e uma iluminação em um tom tão quente quanto a leveza que a vida toma quando a gente respira fundo e entende que não é o fim do mundo e que na verdade, não importa saber o que acontece, e sim quando e como acontece...
Ecdemomania, esse é o espírito de uma wanderlust...
Comes the morning
When I can feel
That there's nothing left to be concealed
Moving on a scene surreal
No, my heart will never, will never be far from here
Sure as I am breathing
Sure as I'm sad
I'll keep this wisdom in my flesh
I leave here believing more than I had
And there's a reason I'll be, a reason I'll be back
As I walk the hemisphere
I got my wish to up and disappear
I've been wounded, I've been healed
Now for landing I've been, for landing I've been cleared
Sure as I am breathing
Sure as I'm sad
I'll keep this wisdom in my flesh
I leave here believing more than I had
This love has got no ceiling...
O olho de dentro do meu universo inteiro
Quando me dou conta da realidade, vem a vontade de rasgar o peito e gritar até os pulmões explodirem. O mundo é um universo gigante, e a gravidade (da vida) nos comprime, e a vontade de ser maior é tão grande que é injusto eu ter que me contentar em com frágeis limites da minha pele.
É como se eu não coubesse nos limites do meu corpo, e a cada dia eu cresço mais, e exatamente essa pele fica cada vez mais apertada para caber o mundo que carrego dentro de mim.
A solidão, o medo e a angústica alimentam a força que se reflete no brilho do bom humor e do sorriso nosso de cada dia. E mesmo que uma pequena, e até bela, tristeza insista em aparecer em meu olhar, há muito por aí afora que preciso ver e que precisa ser vista.
Não choro quando me assusto e tento não me assustar diante das injustiças da vida. Respiro fundo e olho para frente. E me dou conta que o assustador não é a imprevisibilidade do futuro, desconhecido. É a certeza das consequencias inevitáveis das decisões tomadas no passado que me aterrorizam. Não dizem que aqui se faz, aqui se paga?
Não julgo mais. Tento a cada dia olhar para o lado e não me comparar. Não cair na armadilha de achar que o outro está com a vida perfeita. Nada é perfeito para mim além de mim. E nada é tão imperfeito quanto os limites da pele em que habito, tão pequenos para uma alma sempre em tão grande convulsão...
Simples assim (?)
Todo mundo que já se apaixonou na vida sabe como é a delícia dos primeiros dias, as descobertas sobre o outro, as trocas de olhares e as primeiras confidências. Com ele não era diferente. Às vezes sentia-se em êxtase. Às vezes era um torpor. Tudo acompanhado de uma serena tranquilidade quando estava junto dela. E a cada dia se gostavam mais, se curtiam mais, se conheciam mais.
Não era a primeira vez que sentia algo assim por alguém. Já tinha se apaixonado antes. O calor no peito, a respiração ofegante. Aquele momento em que tudo parece estar no seu lugar. E foi exatamente quando tudo se encaixou e parecia que não tinha mais como dar errado que ele começou a sentir medo.
E aqui, antes que os defensores do amor livre venham se manifestar, não era ciúmes que ele sentia. É engraçado como o monstro dos olhos verdes tem seu berço nas coisas absurdas da mente humana. Não, ele não pensava nisso. Sentia-se completo ao lado dela, não olhava nem para o lado, e sabia que ela também só tinha vontade de estar com ele.
Não, também não era insegurança; sentia-se bem consigo, com ela. As conversas eram agradáveis, por vezes intermináveis, as personalidades batiam. Também é engraçado que quando parece que é pra acontecer, a química rola, o beijo encaixa, a pele combina, o sexo é intenso. E a sensação da intensa perfeição era justamente o que o deixava tão feliz e completo, e ele sabia, ah, ele sabia que ela também sentia isso. Ele conhecia aquela pele, aquele toque, aquele cheiro, a saliva do gosto do beijo. Sim, ele sabia.
Mas, em uma noite quente, entre fumaça de cigarro e conversas sem sentido, ao se despedir dela, ele teve medo. E se dessa vez também desse tudo errado?
Não era a primeira vez que sentia algo assim por alguém. Já tinha se apaixonado antes. O calor no peito, a respiração ofegante. Aquele momento em que tudo parece estar no seu lugar. E foi exatamente quando tudo se encaixou e parecia que não tinha mais como dar errado que ele começou a sentir medo.
E aqui, antes que os defensores do amor livre venham se manifestar, não era ciúmes que ele sentia. É engraçado como o monstro dos olhos verdes tem seu berço nas coisas absurdas da mente humana. Não, ele não pensava nisso. Sentia-se completo ao lado dela, não olhava nem para o lado, e sabia que ela também só tinha vontade de estar com ele.
Não, também não era insegurança; sentia-se bem consigo, com ela. As conversas eram agradáveis, por vezes intermináveis, as personalidades batiam. Também é engraçado que quando parece que é pra acontecer, a química rola, o beijo encaixa, a pele combina, o sexo é intenso. E a sensação da intensa perfeição era justamente o que o deixava tão feliz e completo, e ele sabia, ah, ele sabia que ela também sentia isso. Ele conhecia aquela pele, aquele toque, aquele cheiro, a saliva do gosto do beijo. Sim, ele sabia.
Mas, em uma noite quente, entre fumaça de cigarro e conversas sem sentido, ao se despedir dela, ele teve medo. E se dessa vez também desse tudo errado?
Diálogos da vida real? Para sempre, C. F. A...
"Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas.Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei. Apronto agora os meus pés na estrada. Ponho-me a caminhar sob sol e vento."
"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais – por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia – qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. Eu prefiro viver a ilusão do quase, quando estou "quase" certa que desistindo naquele momento vou levar comigo uma coisa bonita. Quando eu "quase" tenho certeza que insistir naquilo vai me fazer sofrer, que insistir em algo ou alguém pode não terminar da melhor maneira, que pode não ser do jeito que eu queria que fosse, eu jogo tudo pro alto, sem arrependimentos futuros! Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo, que com a certeza de ter acabado em dor. Talvez loucura, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe!"
"Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, dói demaais. Mas passa. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar..."
"Em outros tempos diria “Tomei raiva de você”. Mas nem foi raiva, vejo isso agora. É só tristeza mesmo."
"Nada em mim foi covarde, nem mesmo as desistências: desistir, ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem..."
"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais – por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia – qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. Eu prefiro viver a ilusão do quase, quando estou "quase" certa que desistindo naquele momento vou levar comigo uma coisa bonita. Quando eu "quase" tenho certeza que insistir naquilo vai me fazer sofrer, que insistir em algo ou alguém pode não terminar da melhor maneira, que pode não ser do jeito que eu queria que fosse, eu jogo tudo pro alto, sem arrependimentos futuros! Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo, que com a certeza de ter acabado em dor. Talvez loucura, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe!"
"Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, dói demaais. Mas passa. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar..."
"Em outros tempos diria “Tomei raiva de você”. Mas nem foi raiva, vejo isso agora. É só tristeza mesmo."
"Nada em mim foi covarde, nem mesmo as desistências: desistir, ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem..."
Amores são sempre possíveis?
IV - Sonhando acordado
- Então, me fale sobre ela.
- Ah... ela tem um jeito que é impossível de descrever, eu não sei como dizer. Ela tem um jeito leve e ao mesmo tempo desconfiada, com um sorriso capaz de encher i quarto todo, a casa toda de luz. Uns olhos da cor de mel que ficam ainda mais bonitos quando os capturo perdidos no tempo e no espaço, com um toque doce de melancolia que os deixa com um brilho que hipnotiza. A pele dela é suave, tem um cheiro quente, e os cabelos refletem o crepúsculo e a alvorada em cada fio.
Quando estou com ela... feels right, you know? Ela tem o dom de me deixar completamente à vontade e incrivelmente desconfortável. O mais engraçado de tudo é que ela me faz rir, mas rir de verdade, sem aquela magia forçada de uma alegria ilusória, importa socialmente. Ela me faz rir mesmo quando ela é a causa da minha dor.
É estranho... Acho que não sou exatamente do tipo sério, mas agora, vejo o quando fico chato, ainda mais chato do que já sou, quando estou longe dela. Ela não. Ela tem um astral contagiante, de fazer você dançar no meio do supermercado ou sair correndo na praia. Intensa. Ela é intensa em tudo. Na euforia e na tristeza. Mas até a tristeza dela tem uma beleza lírica, bela, contemplativa, que parece uma pintura.
Mas o que mais gosto nela nem é isso. O que mais adoro nela é a liberdade que ela tem, o amor per ser livre, como um animal selvagem, impossível de prender. E se prender, definha, entristece. É um senso de vida, uma vontade louca de viver que, para um homem taciturno como eu, soa imprescindível. Ela me faz bem. Até quando faz mal. Ela é o maior bem de todos. \Ela consegue espantar todos os fantasmas do meu coração tão cheio de sombras. E é assim, não sei como dizer, acabo só me repetindo, repetindo...
- E ela?
- É a melhor coisa que eu nunca tive...
Amores são sempre possíveis?
III - Something
Bom, era isso. Fazer o quê? Sabe aquele momento em que parece que já não resta muito o que fazer? Àquela altura ela se sentia estranha, queria ter tudo, não queria ter nada, queria sumir. Queria? A felicidade pode ser uma droga. Não no sentido de ser algo ruim, mas no sentido de ser algo que vicia, que se torna doloroso, da qual você precisa se afastar para ficar bem. Como a expressão "é tão bom que dói". Por que dói. Aliás, crescer dói. Amar dói. Escolher dói. Às vezes parece que a grande constante do universo não é outra coisa senão a dor.
***
Tinha ficado triste. Nem sabia por que. Haveria motivo? Ela mesmo quem desistira de tudo, jogara tudo pro ar. Mas, jogara mesmo? Será que é possível jogar para o ar algo que de fato nunca tivemos? Ela não sabia se tinha tido de verdade o momento em suas mãos, a vontade, o sentimento, ele. Por que não dizer logo de uma vez com todas as letras? Agora era tarde. Era? A vida nos impõe mais perguntas que respostas. O que ela sentia ia aumentar? Não sabia. Diminuir? Não sabia. Mudar? Muito menos. O que ela vivia ia melhorar? O que ela escolhia, iria acertar? O caminho que seguia, para onde a iria levar? Não sabia. Não queria. Não entendia. Tentava se manter presente, mas a mente a fazia pensar longe. Longe. Além das nuvens chuvosas lá fora. Nele. Não sofria. Não chorava. Não sorria. Apenas sentia algo forte em seu peito e algo triste em seus olhos sempre distantes. Talvez o erro fora nunca estar presente. E na calada, assim, calada, ela esperava. Desistira. Achava que desistira. É possível desistir de algo pelo qual não se lutou? Lutou? Adivinha...
Amores são sempre possíveis?
II - Conjunto Ceará/Aldeota
Era um dia daqueles, sabe? Congestionamento danado na rua, hora do rush de final da tarde, parecia que tinha muita gente em todo canto. E eu perdido no meio daquilo tudo. Ela estava sentada no ponto de ônibus, lendo. Vi pela capa que era um autor que eu nunca tinha ouvido falar. Mas ela era tão bonita... Que fui lá perguntar pra ela.
***
- Com licença... O Conjunto Ceará/Aldeota para aqui?
- Sim, passa... Passou um agora mesmo.
- Ah sério?!? Obrigado...
- Por nada.
- Caio Fernando Abreu?
- Sim. O ovo apunhalado. Conhece?
- Claro! Gosto muito dele. Os livros dele são tão... como poderia dizer...
- Densos? Me diz, qual seu preferido?
- Esse aí que você está lendo.
- Qual o texto?
- Ah, aquele que ele fala de... Você sabe, aquele super conhecido... Ok, admito, nunca tinha ouvido falar desse cara antes...
- Imaginei... É um bom autor se você gosta de pensar na vida.
- E o que você pensa tanto sobre a vida?
- Que sempre nos fazemos muitas perguntas, e quando mais respondemos, mais perguntas surgem.
- Isso foi uma indireta?
- Ah não, desculpe, é que...
***
Ele chegou assim do nada, falando comigo, e foi logo me enchendo de pergunta, sabe? Todo intelectual, mas estava na cara que ele nem sabia quem era Caio Fernando Abreu na vida! Mas confesso que achei interessante, diferente o jeito dele de falar. Ele prestava uma atenção tão grande em cada palavra que eu dizia, me olhava tão profundamente nos olhos que parecia que eu já conhecia ele a minha vida inteira.
***
Destino, amor à primeira vista, química, chame do que quiser! Eu só sei que torcia, a cada ônibus que vinha, para que não fosse o meu e nem o dela. Eu queria saber tudo o que pudesse do que se passava na cabeça dela, coitada, deve ter ficado tonta com tanta pergunta que eu fiz. Eu poderia ficar ali a noite inteira conversando com ela, falando da vida, da morte, do que quer que fosse. Era como um sonho...
***
- Tudo bem. Você escreve?
- Eu? Eu tento... Mas e você, gosta do que? Faz o quê? Lê o quê?
- Eu gosto de inventar vidas. Gosto de observar as pessoas e contar histórias reais, irreais, sonhos...
- Você é escritor?
- Não... Não... Eu só tento me salvar em vidas que só podem ser realizadas quando escritas.
- Bonito isso, mas, se salvar de que?
- Da vida...
***
Quanto mais ele falava, mais eu me perdia em cada palavra que ele dizia. Astrologia, poesia, música, culinária, filosofia, celebridades, literatura, história da arte, falamos sobre tantas coisas aquela noite. Tudo o que ele falava soava tão marcante, tão poético! Parecia que eu estava em transe, hipnotizada, não sei. Só sei que eu não queria que aquela conversa acabasse nunca. Mas infelizmente, meu ônibus surgiu ao longe.
***
- Você vem nesse ponto todo dia?
- Não... E você?
- Também não... E bem, parece que é meu ônibus vindo ali.
- Mas já? Eu ainda nem sei o seu nome!
- É Alice.
- Muito prazer, Luís.
...
- Boa noite. Foi muito bom conversar com você.
...
***
Juro que não sei o que eu esperava que fosse acontecer nos segundos antes de subir. Um torpor tomou conta de mim, queria que ele me beijasse, queria que ele segurasse minha mão, não me deixasse subir. Queria que ele tivesse subido junto. Tivesse pedido meu telefone, e-mail, qualquer coisa. Não sei o que queria. Eu já ia subindo no ônibus quando tudo o que consegui foi virar para trás e gritar "Leia 'Para uma avenca partindo!'". E a porta se fechou atrás de mim. Depois que o ônibus partiu, e passei pela roleta, ainda olhei para trás e o vi acenando para o Conjunto Ceará/Aldeota. E tudo o que me sobrou foi a lembrança.
***
Lembro de cada palavra da nossa conversa. Eu nunca tinha lido o tal caio Fernando Abreu, e vou agradecer eternamente a ela. "Para uma avenca partindo" é perfeito. Parecia que ela já me conhecia. No instante em que a porta fechou atrás dela, senti que ia me arrepender o resto da vida por tê-la deixado subir naquele ônibus. E me arrependo ainda hoje. Por que não pedi o telefone dela? O e-mail? Qualquer coisa! Fui várias outras vezes naquele ponto, no mesmo horário, mas nunca mais a vi. Paixão fulminante? Amor? A definição não interessa mais. Só a memória daquela noite...
Amores são sempre possíveis?
I - Imitação Pura
Olha, eu queria te dizer que foi muito bom ter te reencontrado, mesmo que tenha sido só um almoço rápido, sim, sim, agora que a gente se reencontrou, vamos nos rever mais vezes, mas eu queria dizer que você ainda está linda como nos tempos de faculdade, nossa, quando a gente se achou na internet eu só pensava naquela garota que achava que a música poderia mudar o mundo e que esbarrava nas coisas a cada meia hora, mas claro que lembro de quando a abelha picou a ponta do seu dedo dentro do carro enquanto você dirigia, é, coisas que só acontecem com você, sim, também teve quando você tropeçou e ralou todo o joelho, todo mundo riu, e você ficou vermelha, linda, tão bonita como quando eu chegava na faculdade e te via ao longe, sentada, lendo, ah sim, quero bolo de chocolate com sorvete de sobremesa, não, eu não sabia que você não comia mais doce, então um café mesmo, pode ser? dois cafés, por favor, algumas coisas mudam, você gostava tanto de doces, você não precisa emagrecer, você nem se preocupava tanto com o peso, e sim com quantos filmes você conseguiria ver em um final de semana, é, tem razão, eu também não sou mais o mesmo observador da alma humana, estou mais prático, sim, a idade chega, mas fique tranquila que não chegou para você, acontece que ainda não disse o que eu queria dizer, adoçante? eu não consigo beber café assim, sem açúcar nem nada, nossa, mas já precisa ir mesmo? eu ainda tenho tanto a dizer, eu te acompanho, é que você sabe que eu gostava tanto de você, e aquele dia em que ficamos juntos, sim, eu lembro de como você ficou envergonhada, e enquanto estava na expectativa de te ver de novo eu lembrava tanto de você naquele tempo, e vendo você agora, é, eu sei que você gostava de mim, e não me pergunte isso por que eu não sei porque a gente não deu certo, fico feliz que você tenha pensado nisso, não, isso não é mais sobre eu ou sobre você, é sobre aquele momento que passou e se perdeu, deixa que eu seguro a porta pra você, acontece que a gente, eu principalmente, ainda gosto muito daquela garota da faculdade, sim, é isso, você também sente falta daquele cara, isso, amigo, e depois de tanto tempo, somos tão diferentes agora que pensando bem, não sei se quero repetir esse encontro, por que será que esse novo nós se daria tão bem quanto a ideia de nós dois de antigamente? não, você sabe que eu não estou complicando nada, se bem que nesse aspecto acho que não mudei nada, eu só quero... não, não sei o que quero, tá certo, desculpe, sei que você está atrasada pro trabalho, então a gente se fala e termina essa conversa depois, se cuida, você está linda, tão linda quanto a ideia que eu tenho de você, dirige com cuidado, tchau...
...
Acho que não sabia se te amava....
...::Desejo de ano novo::...
Pra minha vida, eu quero mais paciência e menos força. Mais seriados e menos filmes. Mais música e menos prosa. Quero o sopro quente da rua em meus cabelos e o ar frio da noite em minha pele. Quero liberdade. Quero mais família e menos sobrinhos. Continuar jovem – ainda que de espírito – sem fazer todos esses jogos e contas mirabolantes para enganar o tempo que passou e a idade que avança. A vida está apenas começando. A cada dia. A cada hora. A cada instante. Quero mais razão e menos sensibilidade. Mais verão e menos outono. Não quero orgulho nem preconceito. Quero mais ser e menos ter. Menos tédio e mais tardes. Menos rotina e mais espontaneidade. Quero paixão arredia, impossível de saciar. De esquecer. E revelar. Quero chuva de noite, parada de ônibus, quero surpresa no olhar. No sorriso. Beijo roubado. Quero o impossível. Quero o ser humano. Quero o ser amado. Quero ser reconhecida por quem em sou, não pelo potencial do que eu possa vir a ser. Quero fazer um bom trabalho. Quero um amigo. Quero uma amiga. Fazer as pazes com a comida e engolir de uma vez só tudo aquilo que é a vida. Quero realizar cada sonho do tamanho do meu mundo e ter novos sonhos que vão além do meu mistério. Do meu universo. Quero continuar sendo maior que meu corpo, mesmo sentindo a dor de não caber dentro dos frágeis limites da minha pele. E quero reaprender a transbordar a enxurrada de sensações e loucuras da minha retina fatigada. Saber falar, recomeçar a escrever, reaprender a ler. Quero pensar mais em mim. Pensar o tempo certo em ti. Planejar o futuro sem fechar espaços para novidades e imprevistos, sempre com a certeza de que muitas ideias vão mudar, entender outras vão dar errado e é isso que chamamos de presente. Respirar fundo e entender que timming is a bitch e que eu vou sempre querer e querer e querer. Mesmo que muito do que eu queira eu já não possa ter.
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