...::Sempre Pouco Tempo::...




Queria apenas pensar na vida, entrou no carro e deu a partida. Precisava apenas de uma saída, a cem por hora na avenida.

Era curto o caminho até em casa... Eram poucos os sinais vermelhas na pista... Era escasso o tempo da canção...

Entre curvas e pensamentos, tantas coisas a serem decididas. Não havia tempo para a vida correndo pela janela do seu carro preto. Nem o casal saindo da maternidade com o filho recém nascido. Era passado no retrovisor agora... Seria aquele um conhecido seu? Agora estava para trás, distante... À frente apenas algo conhecidamente desconhecido.
Sem sinais, sem paradas, era tudo muito rápido, tudo girando a 150. Queria diminuir para ter o sabor de ver tudo passar mais lento, mas não conseguia desligar aos poucos.
Depois de rodar, e rodar e passar embaixo da platarforma, uma marcha a menos... Duas marchas a menos... Três marchas a menos, a luz vermelha.
Pensava na vida, na falta desta, dinheiro, seu amor, sua dívida,sua dúvida, sua música... Distraiu-se olhando mãe e filho atravessando... Bonita cena, no colo, ainda pequeno, indefeso, um dia teria mais de um metro... Isso era sempre algo bonito... Mãe e filho... Mãe e filho... Mãe e filha... Filha da mãe!... Sinal aberto, buzina na traseira, chama-a de volta.
Marchas a mais, vento a mais, uma lágrima a mais, uma vida a mais, tempo a menos.
As pessoas sempre absorvidas em suas vidas, dentro de seus veículos em congestionamentos, reclamando; a via livre para que acelerasse. Não compreendia o prazer da pressa que tinha quando não podia correr, e da vontade de demorar a chegar, ou simplesmente de nem ir, se a avenida fosse toda sua...
Última curva, sobe, e pára.
Não sabia se os últimos nove minutos haviam sido reais, sonhados, irreais ou simplesmente anestesiados pela fantasia na qual submergiam seus confusos pensamentos. Em todo caso, se em algum instante tinha saído, agora estava de volta. Abrindo portões para o desconhecidamente conhecido.

Era grande o sentido de tudo e sentia o pesado vazio do mundo. Parecia um sem fim o caminho ao fundo e restava sempre a intensa vontade do absurdo...

Lua Aaliyah

2 Seus Mistérios:

Elias Júnior disse...

Quanta pressa...quanta fome... quanta correria...

Angústia, ansiedade, fome de viver.

Diminua essa velocidade, mude a música, de um tempo pra si, tome um sorvete, ame-se, perfume-se, ponha uma roupa bonita.

Just do it.

Anônimo disse...

Estou preocupada com vc nesse emprego...
Cuidado.

Abraço.

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