...::E assim ela sonhou::...
Quero-te longe, mesmo perto, mesmo ausente, sempre pensante.
Não me escolha pelos vícios, nem me ateste pelas virtudes. Apenas sinta o que tenho a lhe passar.
Não ligue para o que digam, nem surpreenda-se com as provocações. Aceite o fato, receite a fórmula, prescreva o antídoto.
Ou não; deixe tudo leve, deixa passar junto com as folhas desse fim de inverno, apenas não deixe ficar em branco.
Não te faças de desentendido, nem fujas atrás de um falso você. "Você tem todas as armas para me ter, e talvez até já saiba que eu vejo você". Isso não é de agora. Eu sei. Você me lê.
Quero tuas mãos a caminhar pelo meu corpo, em pensamento e forma, conteúdo fixo em retinas e mente.
A forte física presença por diversas vezes relevada. Quero-te ao tudo, quero-te por nada.
Não ao meu lado, mas perto de mim. Também me queira, me receba, me encaixe.
Sejas meu na beleza da palavra ser, longe das amarras do possessivo, mas próximo do carinho da pertinência, de pertencer, de querer ser meu.
Se sabes disso? Sabes... Se não, presumes... Se não, deixa para lá...
Apenas mais um desabafo numa noite quente de lua, recostada em minha cama, pensando longe, olhando pelo vidro da janela as estrelas... Pensando...Imaginando...Dormindo...
...::Perfeição::...
Abriu a porta de casa.
Acendeu somente a luz da sala. Foi ao quarto, pegar outra roupa, uma limpa, tomar um bom e delicado banho, arrumar-se.
Era bonita. Não de uma beleza extrema, dessas modelos de revista; pelo contrário, possuía uma beleza verdadeira das mulheres reais, com curvas e formas.
A água escorria-lhe pelo corpo. Ela estava ansiosa. Pensamentos mil na mente.
Também era inteligente. Conhecia sobre arte. Diria até que tinha bom gosto. Sabia conversar. Portava-se bem nos lugares. Uma dama.
Vestiu-se... Roupa leve, pois fazia calor. Ligou o som... B.B. King fazia amor com sua guitarra. Foi preparar o jantar. Esquentou a água, fatiou a cebola, temperou o molho... Macarrão carbonara... Uma especialidade que gostava de fazer em dias como aquele. O telefone toca, ela distraídamente fica a aconversar enquanto alimenta os peixes no aquário da sala. Sorri. Estava leve. Tinha tido uma semana difícil, mas enfim acabara.
Abriu o vinho. Tomou uma taça enquanto esperava o molho apurar. Confere o celular, vê o que falta na geladeira. No dia seguinte iria ao mercado providenciar o que faltava. Põe a mesa. Estava tudo pronto.
...
Estava tarde já.
Ela nem havia notado o tempo passar! Se não fosse o cansaço - bom de sentir, mas sempre cansaço - talvez ela nem se apercebesse do passar das horas.
Cuidou de si, creme no corpo, roupa de dormir. Era bem vaidosa, não ao ponto egoísta da palavra, mas gostava de estar bem, perfumada, feliz consigo mesma.
Deitou-se na cama. Ficou à espera. Sentiu-se. Sabia de seu valor. Gostava de ter alguém do lado, sentir o calor. Mas ainda assim, não conseguia. De que servia tanta pefeição se à noite ela se amava sozinha?
...::Mais além do que se lê::..
Fazia tempo que não se viam. Sentia falta? Ela não sabia, mas pensava. Havia pensado em perguntar, pensado em sumir, esconder ou simplesmente dizer. Achou por bem esperar... Não sabia o que falar mesmo...
Então eles iam juntos, animados, próximos. Mas naquela noite nunca foram tão distantes... A pele, o contato, a conversa distraida sob as estrelas, o olhar em volta... Tão longe... Nem pareca que fazia tanto tempo que eram assim. E não era a primeira vez...
Acabaram por se rever. E conversaram como se a semana não tivesse passado. E se entendiam, e ela não sabia, e mais se confundia. Agora não sabia mais o que pensar de vez. Acho que queria ficar sozinha um tempo...
Ela achou que talvez desse certo. Tentou e se empenhou, mas esforço de um numa relação de dois não é suficiente. Não precisa ser gênio para saber...
E ela achava que tudo daria certo, apesar da utópica distância.
Não...Os dois não eram não... E ela não ficou bem... Se sofrimento amadurece, talvez preferisse morrer verde...
Sorria... Escondia... Virava o rosto para não notar...
E então estava dividida. Ir ou ficar, mudar ou permanecer. Falar ou emudecer... Melhor era sentar e esperar para ver o que acontecia...
Lua Aaliyah
..::Além dos que se lê::...
Não, não era só seu corpo que ela queria...
Era mais pelo sutil levantar de sobrancelhas quando intrigado, pelo sorriso bobo que o rosto sério produzia quando ela fazia alguma bobagem ou pelo beijo intenso e quente...
Ali estava, no quarto, ali pensava. Havia mais casa, mas não havia mais motivo. Pensava no longe, sentia o perto, recostada na parede, revivia.
Não tinha inspiração, mas ainda assim sentia. E concretizava.
Era também pelo palavras dele. Sim, de fato, a forma de falar era intensa, doce, marcante, nova... Era também por tudo o que lhe oferecia, mesmo sem lhe entregar nada. Era tão presente que ela não entendia muito bem...Sim, era por isto também...
Da cama para a janela ver a Lua cheia. Da janela de volta à cama para imaginar. Fazia calor, e ainda assim ela não conseguia respirar. Mil coisas circundavam sua mente, onde estava, como seria, quando veria... Tudo.
Não sabia o que imaginar, mas ainda assim tinha na mente a imagem. E desenhava.
Ah, era pelo jeito dele também. Sorriso discreto, olhar desnudo, mãos precisas... Era por tudo o que ele entendia, ele ensinava, ele vivia...
Ah, tinha muita coisa que queria saber, e perguntava! Então calada ouvia, era por mais esta então...
Vencida pelos pensamentos, adormeceu. Não, não sonhou com ele, como seria de se esperar. Mas dormiu. Nada restava a fazer. Não, não era só pela presença não. Talvez fosse um pouco pela falta. Talvez fosse por tudo, ou então nem fosse por nada. Adormeceu, na espera que de adormecesse naquela situação também...
Lua Aaliyah
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