Manuel Pessoa

Não sou o que vejo
Nem sou o que sinto
Só reflexo do espelho
Verdade detrás do olhar
O mito

A ponte de tédio da qual
Nem cheguei a ser pilar
Saber da loucura, a que
Vem me respaldar
O sorpo do vento, o ser
- E o que sabe ser
Seja como for não me deixo de seguir

Um ser vazio
A tabuinha rasa
O resquício interior do complexo de Édipo
O que sou?
Algo além do tudo e do nada
Um ser que vai ao longo - e na estrada
Estendem-me os braços, e chama
- Vem! Eu sei quem tu és!
Ah, quem sabe disso não sou eu
E nem vocês!
Só vou saber em meu último suspiro
O que eu queria ter sido - e não fui

3 Seus Mistérios:

Bruno disse...

ler esse poema me deu vontade de te faezr uma confissão. sabe, Bandeira foi o primeiro poeta com quem eu realmente tive contato literário.

ele me ensinou muitas coisas. Sempre tive medo da vida que poderia ter sido e não foi. por isso levo essa minha vida assim.

não quero me despedir desse mundo achando que poderia ter sido mais sincero nas minhas explosões de alegria ou no modo de demonstrar o que eu sinto.

Lógico, nem sempre mas, em todo caso. Eu tento. Belo poema! :)

Lua Aaliyah disse...

Obrigada...

Valquíria disse...

eu, que gosto tanto de falar...
silêncio...
por alguns instantes que não terão fim...

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