O complicado não é viver. Não é amar. Nem é fazer escolhas dia após dia. O complicado não é assumir responsabilidades, acordar atrasado, engolir qualquer coisa e ir trabalhar, em mais um dia que de tão igual aos outros a gente já nem se dá mais conta. Aliás, se dá conta sim, quando chega o fim do mês e com ele, as contas para pagar e nos lembrar de tudo o que a gente tem que dar conta.
Mas dar conta também não é o complicado. Nem o "ter que". Por que, se a gente prestar atenção, viver esse dia a dia, um dia após o outro, é como arrancar um curativo das costas, você tem que ser rápido, e um pouco doloroso. Apenas vinte e quatro horas nas quais muito se faz mas nada fica.
Eu não acho que lidar com isso seja complicado. Há dias bons e há dias ruins, isso é tudo.
O complicado não é o que vem de fora pra dentro, não é estar atrasado em dia de chuva, machucar o dedinho na quina da mesa, bater o carro, jantar com os pais, comprar presentes de natal ou sorrir para alguém. O complicado é tudo o que vem de dentro pra fora. É quando você para e olha para si mesmo, e percebe tudo aquilo de que sempre fugiu ao dar tanta atenção ao mundo lá fora.
O complicado é perceber, sentir, expirar, dormir, escolher e não simplesmente ficar ou sair. É admitir que já não se é mais o mesmo e entre tantas máscaras usadas para aguentar as tais vinte e quatro horas, o trabalho, a família, os amigos e amantes, você acaba não tendo mais um rosto, já queimado de tantas trocas. E como voltar atras em busca de quem se é de verdade sem quebrar as expectativas daqueles que tem uma ideia formada de quem você é?
Não, voltar atrás não é complicado. Entender tudo isso é o complicado.
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