How to save a life...

(Uma vida aventureira não significa necessariamente escalar montanhas, nadar com tubarões ou pular de penhascos.
Significa arriscar a si mesmo deixando um pouquinho de você em todos aqueles que você encontra pelo caminho.)
O complicado não é viver. Não é amar. Nem é fazer escolhas dia após dia. O complicado não é assumir responsabilidades, acordar atrasado, engolir qualquer coisa e ir trabalhar, em mais um dia que de tão igual aos outros a gente já nem se dá mais conta. Aliás, se dá conta sim, quando chega o fim do mês e com ele, as contas para pagar e nos lembrar de tudo o que a gente tem que dar conta.
Mas dar conta também não é o complicado.  Nem o "ter que". Por que, se a gente prestar atenção, viver esse dia a dia, um dia após o outro, é como arrancar um curativo das costas, você tem que ser rápido, e um pouco doloroso. Apenas vinte e quatro horas nas quais muito se faz mas nada fica.
Eu não acho que lidar com isso seja complicado. Há dias bons e há dias ruins, isso é tudo.
O complicado não é o que vem de fora pra dentro, não é estar atrasado em dia de chuva, machucar o dedinho na quina da mesa, bater o carro, jantar com os pais, comprar presentes de natal ou sorrir para alguém. O complicado é tudo o que vem de dentro pra fora. É quando você para e olha para si mesmo, e percebe tudo aquilo de que sempre fugiu ao dar tanta atenção ao mundo lá fora.
O complicado é perceber, sentir, expirar, dormir, escolher e não simplesmente ficar ou sair. É admitir que já não se é mais o mesmo e entre tantas máscaras usadas para aguentar as tais vinte e quatro horas, o trabalho, a família, os amigos e amantes, você acaba não tendo mais um rosto, já queimado de tantas trocas. E como voltar atras em busca de quem se é de verdade sem quebrar as expectativas daqueles que tem uma ideia formada de quem você é?
Não, voltar atrás não é complicado. Entender tudo isso é o complicado.

O que os olhos não veem...


Luzinha é uma leoa muito sagaz que luta muito para conquistar o seu espaço dentro do bando. O sonho de Luzinha é ir para fora da reserva e conhecer um pouco o mundo. Ela já viveu um tempo fora da reserva e lembra com saudade os dias em que morava na savana, quando era filhote. Luzinha já não aguentava mais aqueles bichos da reserva, sempre tão estúpidos e ignorantes. Ela gostava de acompanhar as informações da savana, sonhando com o dia em que sairia da reserva.
Luzinha também queria ser algo mais do que uma simples leoa e seguir o bando. Ela queria ser importante, queria ter seu espaço, queria se sentir completa.
Mas entre querer e o ser tem uma distância do tamanho de uma vida inteira.
Luzinha cresceu ouvindo que tinha potencial. Que chegaria longe. Que poderia ser quem ela quisesse. Só que não foi bem assim. E ela às vezes ficava triste em ver outros leões do bando conseguirem coisas pelas quais ela lutava com garras e dentes. O leaozinho com quem estudara junto as artes de caçar agora caçava sozinho fora dos limites do bando. Luzinha então pouco o via, por que ele agora sabia trilhar novos caminhos os quais ela nunca havia sonhado, apenas trocavam uma palavra, uma visita nas poucas vezes que ele vinha até o bando.
Todas as leoas do círculo de leões já tinham seus postos definidos dentro do bando, muitas ao lado de imponentes leões. Então, Luzinha já não as via por que elas estavam sempre muito ocupadas ou por que ela não queria ver a leoa na qual ela n]ao tinha se tornado.
Mas o que mais doía em Luzinha era ver aqueles pequenos e jovens leões terem sido escolhidos para sair da reserva. Eles iriam passear livres pela savana afora, mandando informações sobre a vida fora da reserva. Como Luzinha queria ter sido escolhida! Mas era uma ideia nova e Luzinha já estava velha.
Preferiu então não ver mais as informações da savana.
No final, para não sofrer, Luzinha foi viver sozinha, quietinha, na sua, em um cantinho calmo da reserva.
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