...::Sem Palavras::...

Não é que eu me recuse, eu apenas queria entender por que num dia assim comum como hoje, você vem sentar junto a mim e me falar assim, do nada, sobre o amor.

O que eu posso lhe dizer sobre o amor?

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Amor?

Vou até usar palavras que não são minhas, acontece que já disseram que os amigos nunca vão embora, então também deveria ser verdade que os amores nunca acabam.

Por que mesmo o mais puro, o maior e mais forte amor acaba.

Mas que é neste mundão de meu Deus que não acaba, não é mesmo?

Como uma semente, que começa pequenina e vai crescendo, assim o sentimento se espalha pelo coração. Começa de levinho, fazendo apenas cosquinha com a raiz, e se você for esperto o bastante, vai curtir e rir da cosquinha e deixar tudo como está, dali a pouco a raiz seca e acaba. Mas se você começar a regar com lágrimas e/ou saliva, ela vai crescendo...crescendo...devastando tudo... E uma vez que você comece a regar nunca mais pode parar. Mas tem de saber regar na medida certa. Se deixar cair lágrimas demais, a raiz encharca, apodrece, e a árvore cai pesadamente, destruindo tudo o que estiver construindo debaixo.

Porém se você alimentar apenas de saliva, a raiz seca, e logo o tronco também fica seco, oco, nada de bom brota nele, vira um lugar ideal para crescerem ervas daninhas e aqueles cipós que sugam toda a seiva das árvores, sabe. E não adianta cortar as ervas ou os cipós. Quanto mais a gente corta mais eles se multiplicam e separam a árvore.

O fato é que de uma forma ou de outra a árvore cai.

Por que ninguém aceita que um amor vai ser sempre regado de lágrimas e saliva, e cheiros e secreções, vinho e coca-cola.

Olhai você, já está se impacientado!!!

Eu sabia!

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O que você queria que eu dissesse?

Que o amor é uma flor rosada que nasce no coração de uma pessoa apaixonada e esse blábláblá todo das comédias românticas de filmes americanos que vezenquando dão enjôo de tão absurdos que parecem e se mostram e vezenquando dá mais enjôo ainda dos casais que os assistem e saem das salas de cinema dizendo “viu bebê (nunca entendi por que chamar o outro de bebê, quem quer amar um bebê exceto os pedófilos?), esse filme é a nossa cara!”?

Eu desisti das salas escuras dos cinemas imundos.

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Ah, não me olha assim, com esses olhos úmidos de quem procura alguma coisa para acreditar nas toscas palavras que eu falo. Até porque, o que de fato importa o que eu falo? Eu te amo, e acabo de negar este sentimento três linhas atrás. Mas ainda assim eu te amo, e o que isto poderia mudar em sua vida se não me amasse de volta? Ficaria com os olhos úmidos agora de culpa exatamente como estás neste instante exatamente por não?

Por que amor é culpa, é amar e não admitir ser amado de outra forma que não exatamente a mesma que ama, e é a culpa por não amar da forma que é amado, e é egoísmo de ambas as partes por quererem desesperadamente amar e nunca saberem como amar.

Amar é pedir, não é dar.

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Não me peça desculpas.

Você não tem culpa de eu precisar de você e você não precisar de mim. Você não tem culpa dos meus castelos estarem todos nas nuvens. Acontece que você tem suas raízes enquanto que eu vivo nas nuvens. Eu sempre procuro algo para sonhar, imaginando mil situações improváveis antes de dormir até adormecer, enquanto você simplesmente deita e dorme. Não há bandidos nem mocinhos, o que há são duas pessoas separadas, por que ninguém nasce junto, nem irmão gêmeo nasce junto, então por que duas pessoas ousariam supor que estão juntas, ou mais ainda, que são uma só?

Eu apenas acho que o erro está em malquerer o outro.

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Vem cá e me abraça que é por isso que eu te quero tanto bem. Te desejo sempre o melhor, quero te ver sempre feliz. E sei que você me deseja coisas bonitas também. E assim cada um vive à sua maneira.

Quem sabe você seja feliz.

Quem sabe eu simplesmente fique bem.

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O que você ainda quer que eu diga sobre o amor?

Que eu esperaria do seu lado desde o acordar até a hora de dormir?

Acontece que na verdade, depois que a gente morre, uma vez perfumado pelo sândalo do machado, o odor nos marca para sempre, e a ferida nunca cicatriza.

Meu coração está batendo.

Bate tão forte que dá pra ver a pulsação pela minha blusa.

Mas até que ponto isto é sinal de que estamos realmente vivos?