Perdi-me tantas vezes pelo mar... Com o cheiro de folhas recém cortadas...
E não poderia então usar essas palavras que não são minhas para começar o que quero? E por que não? Por que não tentar sentir-me menos tolo? Sentir que eu também poderia dizer coisas desta forma?
Você também já sentiu isso. Essa sensação de não ter para onde correr, essa falta de perspectiva. Como se tudo o que a gente fizesse não nos levasse a lugar nenhuma. Eu sinto que não estou aprendendo nada e tudo o que faço é perder meu tempo, a cada dia eu passo a ter um dia a menos. Sim, eu sei, eu sempre te dizia que era pra ter paciência, que as coisas melhorariam com o tempo, e blábláblá, mas vezenquando nem eu mesmo acredito no que falo. Não, não, por favor, não perca as esperanças por causa dessas coisas que eu falo. Acho que só estamos cansados de nadar, nadar, nadar e ver os outros chegarem até a praia enquanto nos afogamos. Sempre tem alguém perto da gente conseguindo o pódio e o beijo de namorada pelo qual lutamos arduamente. E o mais engraçado é que sempre parece que eles conseguiram tão facilmente quanto acordaram de manhã em suas camas Box, com lençóis de linho branco, e o café da manhã digno de comercial de margarina ao lado da cama, e a banheira de mornas águas aguardando no banheiro.
Enquanto a gente cai do colchão mal amolecido pelo tempo, se mete embaixo duma ducha fria e sai assim, ainda meio troncho, espantando o resto de sono dos olhos e mastigando o pão com café de qualquer jeito para não perdemos nossos horários.
Talvez essa esperança que canse. Como naquele dia em que você me pediu pra parar de te dizer coisas bonitas sobre as coisas boas que estariam por vir. Por que aquela esperança era frustrante. E eu ria e te abraçava dizendo que não, mas que tudo bem, eu não falaria mais nada. Tantas vezes me senti um idiota perto de você assim, desse jeito assim, por nada. Por coisas assim pequeninas. Por você saber fazer coisas que eu nunca conseguia, por você entender tudo muito mais rápido do que eu, tanta coisa.
Calma, calma, eu sei que você também se sentia assim. A gente sempre se sente pequeno perto do outro porque a gente sempre coloca o outro num pedestal que o torna o ser mais maravilhoso da face do universo. Vai ver seja isso o que as pessoas lá fora chamam de amor. Mas ainda assim eu olho pra você e sorrio.
A angústia não passa. Agora eu entendo a falta de esperança. Não, não, não, nem me venha com essa de que agora eu vejo. Agora eu entendo, mas acho que a vontade de me dizer coisas bonitas não passa. Por que se vai ser tudo sempre cinza e feio, pra que levar a vida? Apenas continuar tendo a cada dia um dia a menos...
Não... Por favor, não se desanima. De desanimado já basta eu. Acho que eu sempre quis demais, tive esperança demais, mas o que de verdade eu fiz para alcançar tudo isso? Vai ver eu sou o culpado pela minha inércia. Não, não se desanima. Apenas me abraça. Não, isso não vai resolver nada, eu sei, e nem quero que resolva. Ninguém pode resolver minha vida além de mim, ninguém sente a dor que sinto que não seja eu. Mas pelo menos, em teu abraço eu sinto que há um outro coração batendo descompassado além do meu.
4 Seus Mistérios:
It's ok.
U´r welcome.
lu, que lindo!
não importa quando ou para quem vc fale, mas não pare de dizer coisas bonitas, viu?
esse texto que vc escreveu é triste, mas é lindo!
bjs,
jamyle
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