“Descobri essa noite que o melhor remédio pra insônia é chorar. Chorar, chorar que nem criança. Já notou que criança quando cai chora, chora, chora, parece que o mundo vai acabar, até que de repente ela levanta e vai brincar, como se nada tivesse acontecido? O melhor é chorar até secar pra depois sair para brincar. Mas e se nunca secar, do que é que a gente brinca?”
“Preciso cuidar de alguém, pra sentir que pelo menos algo na vida faz sentido, basicamente sentir que há sentido, entende? Porque senão, qual a minha utilidade neste mundo? Me diz, o que é que eu sei fazer? Você sabe que sou uma daquelas pessoas que não tem habilidade para fazer coisa nenhuma, a não ser me doar.”
“Me desejar boa sorte na vida é algo quase tão inútil quanto um relógio que marca apenas os minutos. Quando chega a hora em que todas as esperanças acabam é que Caio Fernando mais faz sentido e nada há para ser esperado. Nem desesperado.”
“Não entendo por que as pessoas têm medo da chuva. É só água caindo do céu.”
“Não, ninguém entende o que se passa na mente de uma pessoa quando não se passa nada na mente de uma pessoa que finge não passar nada em sua mente.”
“E cubro meus sonhos, meu corpo, meus ouvidos com os lençóis ainda manchados, repetindo pra mim mesmo que é apenas mais um dia, que logo tudo volta ao normal (mas não volta, a gente sabe), encolhido quietinho, esperando o filme da sessão da tarde começar, indo para outra vida, outra história ali da televisão, onde acabo te encontrando, e você, com flor no cabelo, me abraça e repete que agora passou... Já passou, está tudo como deveria ser...”
“Bom seria se as tristezas se pusessem com o sol...”
“Passamos tanto tempo presos a horas e regras e explicações que quando estamos consigo mesmos, podendo fazer o que bem entendermos, assusta... Preciso(amos) de amarras e correntes para sentir(mos) que estou(amos) no chão, no mundo!”
"queimando gasolina pra não queimar meus neurônios"
” Ah, com os solitários as palavras também passaram a ter um sentido a mais, e então tudo ficou mais difícil de se expressar e maior de se sentir...”
“Por que o mundo não pára pra que nos reconstruamos, e nem para que a gente possa pensar com clareza, tudo acontece caleidoscopicamente, e as únicas coisas que parecem seguir o curso normal de sempre são as lágrimas que corriam de seus olhos...”
“(...por que você sempre fala de existencialismo e eu insisto nas canções de amor...)”
Citações de: Escritora deste blog que estás lendo.
Perdi-me tantas vezes pelo mar... Com o cheiro de folhas recém cortadas...
E não poderia então usar essas palavras que não são minhas para começar o que quero? E por que não? Por que não tentar sentir-me menos tolo? Sentir que eu também poderia dizer coisas desta forma?
Você também já sentiu isso. Essa sensação de não ter para onde correr, essa falta de perspectiva. Como se tudo o que a gente fizesse não nos levasse a lugar nenhuma. Eu sinto que não estou aprendendo nada e tudo o que faço é perder meu tempo, a cada dia eu passo a ter um dia a menos. Sim, eu sei, eu sempre te dizia que era pra ter paciência, que as coisas melhorariam com o tempo, e blábláblá, mas vezenquando nem eu mesmo acredito no que falo. Não, não, por favor, não perca as esperanças por causa dessas coisas que eu falo. Acho que só estamos cansados de nadar, nadar, nadar e ver os outros chegarem até a praia enquanto nos afogamos. Sempre tem alguém perto da gente conseguindo o pódio e o beijo de namorada pelo qual lutamos arduamente. E o mais engraçado é que sempre parece que eles conseguiram tão facilmente quanto acordaram de manhã em suas camas Box, com lençóis de linho branco, e o café da manhã digno de comercial de margarina ao lado da cama, e a banheira de mornas águas aguardando no banheiro.
Enquanto a gente cai do colchão mal amolecido pelo tempo, se mete embaixo duma ducha fria e sai assim, ainda meio troncho, espantando o resto de sono dos olhos e mastigando o pão com café de qualquer jeito para não perdemos nossos horários.
Talvez essa esperança que canse. Como naquele dia em que você me pediu pra parar de te dizer coisas bonitas sobre as coisas boas que estariam por vir. Por que aquela esperança era frustrante. E eu ria e te abraçava dizendo que não, mas que tudo bem, eu não falaria mais nada. Tantas vezes me senti um idiota perto de você assim, desse jeito assim, por nada. Por coisas assim pequeninas. Por você saber fazer coisas que eu nunca conseguia, por você entender tudo muito mais rápido do que eu, tanta coisa.
Calma, calma, eu sei que você também se sentia assim. A gente sempre se sente pequeno perto do outro porque a gente sempre coloca o outro num pedestal que o torna o ser mais maravilhoso da face do universo. Vai ver seja isso o que as pessoas lá fora chamam de amor. Mas ainda assim eu olho pra você e sorrio.
A angústia não passa. Agora eu entendo a falta de esperança. Não, não, não, nem me venha com essa de que agora eu vejo. Agora eu entendo, mas acho que a vontade de me dizer coisas bonitas não passa. Por que se vai ser tudo sempre cinza e feio, pra que levar a vida? Apenas continuar tendo a cada dia um dia a menos...
Não... Por favor, não se desanima. De desanimado já basta eu. Acho que eu sempre quis demais, tive esperança demais, mas o que de verdade eu fiz para alcançar tudo isso? Vai ver eu sou o culpado pela minha inércia. Não, não se desanima. Apenas me abraça. Não, isso não vai resolver nada, eu sei, e nem quero que resolva. Ninguém pode resolver minha vida além de mim, ninguém sente a dor que sinto que não seja eu. Mas pelo menos, em teu abraço eu sinto que há um outro coração batendo descompassado além do meu.
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