
Enfim se libertara...
Depois de tanto tempo, depois de tamanha prisão, enfim sentia-se livre. Respirava.
Após dias e dias de paixão mal resolvida disfarçada de amizade irremediada, estava por si, e estava contente por isso.
Havia deixado para trás o mais de um ano de brigas, carinhos, depressões, desacertos e imprevisões. O futebol com os amigos, as idas a shows com as amigas, as soluções de erros de última hora.
Não que tivesse caído em nova prisão ou coisa similar, apenas via com mais clareza que tudo além era possível, que nada daquela afetação lhe afetava mais, que saberia andar com seus próprios passos sem ter que levar junto mais ninguém.
Era então livre...
Restava algo pleno, do qual não se desfazia - e prezava até, mas sem pensar em algum dia algo mais, sem estar na mão de ninguém sempre que quisessem, sem falsos ciúmes, nem parcos carinhos. Estava por si, só... E gostou muito dessa novidade. Uma nova possibilidade se abria, e na verdade, um novo leque de vida que se revelava, caminhos estranhos, e alguns levemente conhecidos, mas que de qualquer forma eram mais seguros que aquela angústia de estar sempre perto de quem não se deveria. Não que escondesse, apenas não entendia o que (achava) que tinha de volta.
E estava feliz. Não pelo que aconteceu. Nem pelo que poderia vir a acontecer. Mas pela absoluta certeza de que o presente se tornara passado de uma forma delicada como lábios em um beijo suave de despedida, como quem diz "Até amanhã" no portão ao ir embora, com um sorriso, como quem dorme mais cedo pra pensar até adormecer...
Havia sido simples assim...
Sentia-se bem. Não havia por que explicar e ponto final.
Apenas sentia-SE.
Lua Aaliyah